Fase ruim faz Messi pensar em deixar o Barcelona
Tales Torraga
O desânimo de Lionel Messi com o Barcelona está explícito. Para um ''animal competitivo'' como ele, como os argentinos sempre gostam de ressaltar, fazer tudo sozinho depois da saída de Neymar virou uma tarefa pesada demais.
Quem diria. O Messi temporada 2017/2018 está repetindo no Barcelona aquilo que sempre fez com a seleção argentina. Eu preciso carregar o time nas costas? Então vamos caminhar despacito em campo.
O que não está bem encaminhada é a renovação de seu contrato. Ontem, o ''Clarín'', maior jornal da Argentina, publicou que a continuidade de seu vínculo com o Barça ainda não foi assinada. A informação foi confirmada pelo blog nesta madrugada.
(E alguém acredita em coincidência ou casualidade nesta falta de assinatura, especialmente no momento em que o clube vive hoje?)
Tanto o entorno do jogador quanto o Barcelona têm o discurso oficial de que o novo acordo precisa de pequenos acertos, e que a boa vontade mútua seria suficiente para deixar tudo em bons termos. Que tais documentos são sempre trabalhosos, e que o acerto verbal de ambos já seria suficiente para a equipe inclusive divulgar, como divulgou em 5 de julho, que Messi seguiria no Barça até 2021, quando o gênio argentino terá 34 anos.
Na ocasião, o Barcelona fez o anúncio, mas reconheceu que o contrato ''seria assinado nas próximas semanas''. Já se passaram 44 dias, e a assinatura de Messi e o documento azul e grená ainda não se encontraram.
Nem é preciso gastar a memória para colocar esta informação do Barça sob a devida desconfiança. A continuidade de Neymar também estava ''200% certa'', e ele hoje está em Paris.
Por mais que o retraído craque argentino controle sempre as palavras, a frustração com o momento do Barça está escancarado em sua linguagem corporal.
Messi tem 30 anos, e o fim de sua carreira está se aproximando. ''Carregar pedra'' pelo clube, tarefa que foi sua por quase uma década na seleção, não é o que ele pretende daqui para a frente. Por isso o Barcelona insiste tanto na contratação de Mbappé e Philippe Coutinho. Trazê-los é mais do que reforçar o time. É evitar que Messi se encha de uma vez.
O craque argentino tem dois exemplos para se inspirar: Pep Guardiola e Luis Enrique. Quando ambos perceberam que o Barça não teria condições de manter – ou montar times que permitissem – uma briga franca com as demais potências, arrumaram as malas.
O Real Madrid de Zidane percebeu que não poderia viver só de Cristiano Ronaldo e armou uma seleção mundial. O PSG também. Contratou Neymar, sim, mas teve o cuidado de mimá-lo com outros nomes com os quais se sinta cômodo.
Já Messi se sente cada vez mais sozinho.
E não se vê no argentino nenhuma sedução específica pelas cifras geradas na sua renovação com o Barça. Embora o clube não divulgue os valores, a imprensa espanhola publicou que seu salário saltaria para US$ 36 milhões de dólares a cada temporada, além de diversos outros bônus.
Motivação. Baqueá-la é tudo o que Messi e a Argentina não querem às vésperas do maior desafio da sua carreira, a próxima Copa do Mundo. Tal insatisfação fica transparente a cada conversa com as pessoas que tomam as rédeas de sua carreira.
Muitos por aqui enxergam a Copa do Mundo da Rússia como a última de Messi, a derradeira chance de fazer o que Maradona fez e que ele jamais chegou perto de fazer, por mais que a Argentina tenha disputado a última final contra a Alemanha apostando muito mais na retranca do que no seu brilho – e ainda assim quase ganhou, não fosse a má pontaria de Palacio e Higuaín e a escandalosa joelhada de Neuer na cabeça de Pipita sem o árbitro marcar pênalti.
¡Que lío, Lionel!