Por que o casamento de Messi jamais será como o de Maradona
Tales Torraga
E chegou a grande noite. A Argentina só fala do ''casamento do ano'', o de Lionel Messi e Antonella Roccuzzo em Rosário, cidade onde ambos nasceram, cresceram e se conheceram – justamente onde darão o ''sim'' nesta sexta (30).
Além de esmiuçar absolutamente tudo o que envolve a cerimônia, outra grande particularidade da cobertura na imprensa portenha é ressaltar as diferenças deste casamento de Lio e Anto, La Pulga e La Negra, com o que viveram Diego Armando Maradona e Claudia Villafañe em 1989 – outro ano prévio à Copa, a da Itália, em 1990, algo que se repete agora com o Mundial da Rússia em 2018.
A cerimônia de Maradona foi em 7 de novembro de 1989 em um lugar ''onde só lá caberia o seu ego'', como dizem os portenhos mais maldosos. Foi simplesmente no Luna Park, ginásio famoso por lutas de boxe, jogos de basquete e shows de rock.
É difícil imaginar um casamento mais nababesco.
A festa contou com 1.200 pessoas, com toda a seleção argentina campeã do mundo de 1986 e o time do Napoli, que teve inclusive a presença de seu presidente, Corrado Ferlaino.
Os principais ausentes foram Fidel Castro e Carlos Menem. Maradona alugou um avião para transportar 250 pessoas da Itália para Buenos Aires – entre elas estava Silvio Berlusconi e o então presidente da Federação Italiana, Antonio Matarrese.
Julio Grondona, presidente da AFA, também estava lá, assim como estrelas de rock, como Fito Páez, e da televisão, como a apresentadora Susana Giménez.
A diferença da lista de convidados é gigantesca. Enquanto Maradona recebeu 1.200 pessoas, o casamento de Messi em Rosário terá 260 convidados e muito pouco, quase nada, do jet set europeu e argentino.
Outros interessantes detalhes resgatados do casamento de Maradona é saber que a decoração contou com 4.200 plantas e que 120 operários trabalharam para criar uma cascata gigante que oferecesse o efeito especial que Maradona tanto insistiu.
Mais um inusitado detalhe exigido por Diego – a parede aparentar mármore.
Os convidados chegaram pela movimentadíssima Avenida Corrientes – travada em um operativo de segurança e uma verdadeira comoção popular para se aproximar de lá. Mal comparando, seria como se tal cerimônia ocorresse na Avenida Paulista.
A relação de Maradona e Claudia terminou oficialmente em 2003, e há um forte litígio entre os dois desde 2015. As últimas declarações de Maradona sobre Claudia são fortes. Ele a trata publicamente como ''ladrona'', o que choca até mesmo uma Argentina tão acostumada às trocas de farpas.
Chocante foi também o que pediu o então técnico da Argentina, Carlos Bilardo.
No casamento de Maradona, ele praticamente exigiu que todos os seus zagueiros dançassem ao redor do atacante Careca, amigo de Diego no Napoli.
O treinador queria ver de perto a diferença de estatura entre eles para decidir quem escalar quando enfrentasse o Brasil – como de fato enfrentou, na Copa de 1990.
E não é que Bilardo escalou uma defesa inédita justamente naquelas oitavas contra o Brasil, com Monzón, Ruggeri e Simón?