Por que Dybala passou a preocupar a nova Argentina
Tales Torraga
A Argentina ganhou por 6×0 da fraquíssima seleção de Cingapura, mas a lógica goleada desta terça passou despercebida em Buenos Aires. As transmissões de TV e rádio e as conversas nos cafés da gelada capital argentina giraram em torno da nova fraquíssima atuação de Paulo Dybala, apático e negativo como já havia sido contra o Brasil (sem falar da sua desastrosa final de Champions League).
O desgaste físico de fim de temporada é evidente, mas atribuir suas más atuações apenas a isto é esconder a verdade. Dybala não é o único cansado, e não é o único a encerrar a temporada. Os outros caíram; mas ele despencou seu nível de jogo.
Por quê?
A resposta está na mente. Dybala, de 23 anos, ainda está bastante travado enquanto assimila que deixou de ser promessa para virar o protagonista e o grande companheiro de Messi na seleção. Tal dificuldade já era apontada por Patón Bauza – ''Paulo precisa acreditar mais em si'' – e está sendo constatada de perto pela nova comissão técnica da seleção argentina, que vê em Dybala um craque como poucos no futebol mundial, mas que precisa realmente digerir melhor as grandes pressões e as grandes cobranças. Ele não é mais um mero rapaz. É ''o'' homem.
Dybala, vale lembrar, caiu em um pranto desesperado quando foi expulso na vitória contra o Uruguai pelas Eliminatórias no ano passado, em cena rara no futebol profissional. Tal amadurecimento deve ser revisto por Sampaoli e seus asseclas. Continuar escalando-o em amistosos sem estar 100% e ser duramente criticado, como foi por Pelé na semana passada, não vai ajudá-lo em nada.
A situação de Dybala é trabalhada também com o auxílio das seleções juvenis.
A comissão adulta considera que o novo aporte oferecido por Juan Sebastián Verón, com um vasto programa de neurociência aos jogadores menores, seria muito útil a Paulo no momento. A questão agora é saber se ele, com sua rotina de estrela, vai ter tempo e energia para este duro (e também sensível) trabalho extra.