O Jorge Sampaoli que o Brasil não conhece
Tales Torraga
A era Jorge Sampaoli na seleção argentina começa nesta quinta (1º) com sua apresentação no prédio da AFA no bairro de Ezeiza, pertinho do aeroporto internacional. Ansioso, obcecado e camaleônico são três boas definições para este homem de 57 anos que vive, a partir de hoje, o grande sonho de sua vida.
Contamos sete histórias desconhecidas no Brasil que mostram como El Pelado Sampa, enfim, chegou lá – como grande argentino luchador y corajudo que é.
O MARADONA DE CASILDA. Sampaoli era canhoto e baixinho – o suficiente para ser chamado de Maradona em sua cidade, Casilda, na província de Rosário. Mas não era a qualidade de seu futebol nos campos de várzea que o fazia ser comparado a Diego, e sim sua verdadeira obsessão pelo jogo. Falava sobre futebol 24 horas por dia e estava sempre por dentro de tudo o que rolava na Argentina e no exterior. De tão ansioso, chegava à banca de jornal mais perto da sua casa antes mesmo de ela abrir. ''Jorge era insuportável, andava sozinho repetindo escalações em voz alta'', contaram seus vizinhos da época às TVs argentinas nesta semana.
CAIXA DE BANCO. Sampaoli corria atrás da bola e atrás do sustento para seus sonhos esportivos. Trabalhou como caixa do Banco Santa Fe em Casilda justamente para bancar suas aventuras jugando la pelota. Tinha 19 anos. Aos 20, depois de brigar com um torcedor do Boca em plena agência, foi mandado embora.
FANÁTICO PELO RIVER. O hoje técnico da seleção argentina sempre foi um apaixonado torcedor do River Plate. Sua obsessão era tamanha que ele pintava seu quarto com o vermelho e branco do clube e deu ao cachorro da família o nome de Beto Alonso. Ia sempre ao Monumental de Núñez – mas não tinha dinheiro para pagar a entrada, e aí pulava as catracas com os demais colegas de Casilda.
BIELSA A TODO MOMENTO. Muita da obsessão de Sampaoli é inspirada em outro grande excêntrico argentino: Marcelo El Loco Bielsa. Até hoje Jorge costuma correr e fazer musculação, duas coisas que tem como verdadeiras religiões, ouvindo áudios de palestras de Bielsa – atuais ou antigas, não importa.
O LOUCO DA ÁRVORE. El Pelado Sampa era técnico da várzea de Rosário quando foi expulso e precisou sair de seu posto em um campo que sequer arquibancada tinha. Ele não se fez de rogado. Escalou uma árvore que tinha logo atrás do muro que separava o campo da calçada e ficou comandando sua equipe, o Alumni, de Casilda, de lá. Sampa tinha 35 anos. A foto é clássica.
FILHO DA RUA. Sampaoli sempre foi autodidata e sempre teve uma frase das mais fortes para definir seus métodos de ensino: ''As ruas foram a minha universidade e as pessoas, principalmente as mais humildes, meus melhores mestres''. Dizia que mais aprendeu em um ano convivendo com a barra-brava do River do que em sua vida toda ao lado de jogadores de futebol.
LEVA O ROCK NA PELE. Jorge é tão apaixonado pelo rock argentino que tem duas tatuagens com referências às suas músicas e discos preferidos. De Prohibido, do grupo Callejeros, tatuou o refrão ''No escucho y sigo''. E de Oktubre, mítico álbum dos Redonditos de Ricota, simplesmente resolveu ''fechar'' o antebraço.
Para ouvir: Prohibido e o álbum Oktubre.