O que Messi e Mascherano têm a ver com a escolha de Sampaoli na Argentina
Tales Torraga
Patón Bauza já caiu. Só falta o anúncio. A expectativa da sua demissão em Buenos Aires é tamanha que o ''Olé'' amanheceu nesta quinta-feira com ''Patón Tchauza'' como manchete em seu site. Não há o que respalde o ex-técnico do São Paulo, e a frase de Chiqui Tapia, novo presidente da AFA, de que ''é preciso apoiar Bauza'', é uma mera formalidade. Sua seleção está terrível em campo, e suas frases desencaixadas fora dele só demonstram que a Argentina não está em boas mãos.
Pois bem. As novas mãos da Argentina serão as de Jorge Sampaoli, como toda a imprensa portenha e nós informamos ontem. ''Ele assume correndo'', crava hoje o ''Olé''. E a busca da nova AFA pelo técnico do Sevilla tem uma dupla função. Além de contratar um treinador realmente da elite mundial, El Pelado Sampa, o careca Sampaoli, como é chamado na Argentina, é bastante próximo a Messi e Mascherano, os dois líderes da seleção que precisam ser conquistados pela associação recém-assumida. Jaque mate. Ya está. ¿Pero qué querés que te diga?
A relação Sampaoli-Messi é marcada inclusive pela proximidade geográfica, e aqueles que conhecem os argentinos sabem perfeitamente o quão bairristas são. As cidades onde nasceram têm distância de somente 51 quilômetros, e a admiração é mútua. ''Acompanhar o dia-a-dia de Messi seria meu sonho'', chegou a dizer Sampaoli. Sua designação como maneira de satisfazer o craque do Barcelona é quase um lugar-comum na seleção – basta lembrar da escolha por Tata Martino, que além da Argentina treinou o Barcelona, algo que nem em Rosário entenderam.
A entrada de Bauza foi azarada até nisso. Quando chegou, Messi estava afastado.
Sampaoli tem portas escancaradas também com Javier Mascherano, o segundo líder da Argentina. O técnico é torcedor fanático e confesso do River, e ele e Mascherano de entrada desenvolveram uma conexão a respeito – Javier, inclusive, não nega que seu sonho é seguir a carreira de técnico e um dia dirigir o Millonario.
Barcelona e Sevilla se enfrentam na próxima quarta no Camp Nou. É provável que o novo encontro de Mascherano, Messi e Sampaoli já se dê sem a presença de Bauza no comando da Argentina, embora a recém-empossada AFA pretenda anunciar El Pelado apenas em maio. A eventual negociação de Jorge com a associação enquanto Patón está empregado faz com que a opinião pública portenha questione, ou melhor, detone a ética de Sampaoli, como detonam absolutamente tudo no país.
De Bauza, apenas uma última constatação antes de fechar definitivamente seu ciclo: que ele tenha usado bravatas e discursos megalomaníacos para se fazer respeitar por dois jogadores de notória boca fechada como Messi e Mascherano é um daqueles mistérios só possíveis mesmo nesta re loca Argentina.