Novo capitão da Argentina estuda antropologia e troca celular por livros
Tales Torraga
Santiago Ascacibar só tem 19 anos, mas já é bastante conhecido para quem acompanha o futebol do continente. Volante titular do Estudiantes de La Plata, ele foi o capitão da seleção argentina que disputou a Olimpíada do Rio de Janeiro.
Ele repete o posto no Sul-Americano Sub-20 que está sendo disputado em Quito. E chama a atenção não só pelo futebol certeiro – que, muitos dizem em La Plata, faz lembrar de Diego Simeone em sua versão menos briguenta.
Ascacibar já é pedido, quase exigido, na verdade, na seleção principal no lugar de ninguém menos que Javier Mascherano, que deveria ser recuado para jogar como zagueiro justamente para abrir espaço para o jovem volante.
''Santi'', como é chamado, destoa também por ter opiniões profundas sobre assuntos que a maioria dos jogadores, de qualquer idade, sequer se posiciona.
Santiago estuda antropologia e nunca é visto com celulares, ao contrário da maioria dos outros jogadores. É muito fácil sim vê-lo com livros de história e ciências, mas não se gaba por isso. ''É só um gosto, e nem faço isso com todos os assuntos que eu deveria. Gosto bastante de ler também sobre futebol. Quero estudar Educação Física'', diz, com uma eloquência rara de se encontrar em qualquer esporte – ainda mais para um adolescente de 19 anos.
Outro tema que passa longe dos interesses de Ascacibar é a moda. Ele é visto sempre da maneira mais simplória possível. Nada de roupas extravagantes, nada de boné, nada de barba. Santiago parece um jogador de antigamente. E refuta qualquer análise diferenciada sobre seu comportamento: ''Apenas faço as coisas que gosto, da mesma maneira que os outros têm todo o direito de fazer o que quiserem''.
A lógica cortante de Santiago chamou a atenção da AFA, que já lhe propôs um trabalho mais profundo com os jovens, o que ele ficou de responder. Outro fã declarado de Ascacibar é Verón, que já o chamou de ''o jogador mais inteligente que conheceu'', e olhe que La Brujita percorreu o mundo atrás de uma bola em países como Itália e Inglaterra.
Ascacibar tanto é um pibe incomum que a imprensa argentina repercutiu hoje um desconhecido ato seu: ele levou colegas de seleção para se hospedar em sua casa, com sua família, em um determinado momento da preparação. ''Meus pais deram as mesmas obrigações e direitos a todos. Ganhamos novos irmãos'', brincou.
A Argentina de Santiago está no hexagonal final do Sul-Americano. Vai estrear nesta fase às 21h15 desta segunda contra o Uruguai, contra quem estreou também na competição com um raspado 3×3.