Técnicos argentinos dominam a Espanha. E agora, Vanderlei Luxemburgo?
Tales Torraga
Na constrangedora entrevista na qual gritou sua esquizofrenia, Vanderlei Luxemburgo menosprezou os técnicos argentinos na Europa dizendo que eles ''não eram de ponta'' – só Mauricio Pochettino, do Tottenham, seria um exemplo válido.
A resposta veio nesta quarta e merece ser colada na testa como o zap no truco.
Os treinadores argentinos são três entre os quatro semifinalistas da Copa do Rei da Espanha, com Diego Simeone (Atlético de Madri), Eduardo Berizzo (Celta de Vigo, eliminando o Real Madrid) e Mauricio Pellegrino (do Alavés).
(Nem vamos falar da ausência brasileira deste cenário. Combinado?)
Simeone é figurinha carimbada e não dá sinais de cansaço à frente do Atlético de Madri que comanda há cinco anos. El Cholo tem um temperamento não muito estimado pelos portenhos. A opinião comum em Buenos Aires o enxerga como um tipo vaidoso demais e que não se importa com os meios para justificar os fins.
Mas reconhecem que ele é um treinador de ponta – e muitos enchem a boca para tratá-lo simplesmente como o melhor do mundo. Seu destino deve ser a Inter de Milão, todos apostam em Buenos Aires. Seria muito merecido.
Berizzo é discípulo de Marcelo Bielsa – assim como Pochettino. Era o zagueiro do Newell's que moeu Raí a patadas nas Libertadores de 1992 e 1993. É técnico desde 2011. E fez o que tem sido praxe na Argentina: dirigiu somente um clube no país, o Estudiantes, antes de voar primeiro para o Chile, onde foi campeão com o O'Higgins, e depois parar no Celta, onde está há dois anos.
Pellegrino, do Alavés, bebeu de outra fonte privilegiada: a de Carlos Bianchi, seu técnico no Vélez campeão da Libertadores e do Intercontinental de 1994. Também era defensor. É treinador há menos tempo. Começou na profissão em 2012 e dirigiu Valencia, Estudiantes e Independiente antes de assumir o atual Alavés.
A ordem de idade é esta: Pochettino tem 44 anos; Pellegrino, 45; Simeone, 46; Berizzo, 47 anos; Jorge Sampaoli, do Sevilla, que também brilha na Espanha depois de fazer o mesmo com a seleção do Chile, está com 56.
Luzemburgo tem 64.
A diferença de geração ajuda a explicar venenos como ignorância, reatividade e autocentramento. ''Las personas que viven dominadas por el ego están engañadas, se creen superiores y no ven la realidad'', diz uma parede da Psicologia da UBA.
Así es, Luxa. Hay que hacer terapia.