A incrível ressurreição de Fernando Gago, de aposentado a craque da rodada
Tales Torraga
Oito meses depois de romper o tendão e praticamente largar o futebol, Fernando Gago, quem diria?, voltou a jogar. Ou melhor: voltou a jogar o seu melhor futebol como visto ontem na Bombonera no espetacular Boca 4×2 sobre o Racing.
Gago la dejó chiquita, falam hoje em Buenos Aires. Gastou a bola. Fez a pelota circular com perfeição, demonstrou personalidade e liderança, recuou à defesa para dar o primeiro passe ofensivo do time e equilibrou este Boca como poucos volantes conseguiram na Argentina recentemente.
(As referências talvez sejam Ortigoza no San Lorenzo e Videla no Racing, mas Gago, convenhamos, está bem acima de ambos. A melhor comparação talvez seja com Lucho González no River de…2005, olhe quanto tempo!)
A atuação encantadora foi elogiada por todos. Gago foi eleito pelas TVs na noite de domingo como craque da rodada. No ''Olé'' de hoje ele aparece com a nota 9. Foi só seu segundo jogo desde o retorno – o primeiro, contra o San Lorenzo, na semana passada, também havia sido positivo, mas não tão brilhante como ontem.
Aos 30 anos e atuando em um futebol rústico e incompatível com seu físico combalido, Gago tem escapado das patadas e esbanjado uma rara lucidez.
Lucidez que certamente vai precisar para encarar o próximo desafio, o superclássico de domingo contra o River Plate no Monumental de Núñez.
Foi contra o River que Gago sofreu suas duas graves lesões de tendão – a primeira delas, no mesmo Monumental, sozinho, antes do primeiro minuto de jogo.
Em jogo de tamanha adrenalina e de tanta pressão pela vitória, observar suas ações e seu duelo com o sempre agressivo Ponzio já será o grande assunto da semana.
Gago x Ponzio é um tema e tanto, verdade, mas o equilíbrio do Campeonato Argentino depois de 12 rodadas também merece menção. O Estudiantes segue em primeiro, com 27 pontos – e com Boca, San Lorenzo e Newell's nos calcanhares.