Loucuras argentinas na Davis: de dedo quebrado a jornalista de joelhos
Tales Torraga
A Copa Davis enfim é argentina. O feito obtido ontem (27) na Zagreb Arena já está entre os cinco maiores do esporte no país em todos os tempos.
E como não poderia deixar de ser, foi conquistado com a loucura típica que faz da Argentina este país tão peculiar na cultura e no comportamento humano.
(É claro que não passou batido o fato de a Argentina chegar ao inédito título da Copa Davis na mesma campanha em que o Brasil desceu mais uma vez para a Segunda Divisão, mas isso é tema para outra hora.)
A hora agora é de contar dez loucuras desta conquista especial que a Argentina aproveita nesta segunda-feira de buena onda e 27 graus em Buenos Aires:
JORNALISTA DE JOELHOS. Guillermo Salatino, 71 anos, cobre tênis desde sempre na Argentina. E ontem, assim que terminou a final, cruzou a quadra da Zagreb Arena de joelhos. Bancou o ritual sem reclamar: ''O tênis é minha vida''.
EXPLOSÃO MONUMENTAL. O aristocrático River Plate, que já recebeu edições de Copa Davis em suas instalações, explodiu quando houve a definição do confronto em Zagreb. No mesmo horário jogavam River x Huracán pelo Argentino – vitória do River por 1×0. O vídeo da comemoração no Monumental de Núñez está aqui.
(MUITOS) PALAVRÕES. A conquista foi narrada na TV com a habitual paixão argentina, e até o sóbrio Gonzalo Bonadeo deixou escapar palavrões ao fim do jogo na locução que fez à TV TyC Sports. O vídeo deste momento épico na Argentina está aqui. E o jornal ''Olé'', claro, não perdeu sua chance nesta segunda.
Provando que o gosto duvidoso não é destinado só a ingleses e brasileiros, o diário não deixou também de tirar sarro dos tenistas argentinos que estiveram perto de conquistar a Davis e não a obtiveram, caso do lendário Guillermo Vilas.
REVER PARA CRER. Enrique Morea, 92 anos, histórico dirigente da Associação Argentina de Tênis, passou a tarde e a noite de domingo vendo os teipes de Zagreb, contou hoje o jornal ''La Nación''. ''Já posso morrer feliz'', falou.
NA MADRUGADA. Os jogos foram transmitidos ao vivo pela TV Pública para toda a Argentina desde o primeiro serviço na sexta-feira. Ontem, das 22h às 24h, a emissora mostrou um especial sobre a conquista e sobre o tênis no país.
LOCO LINDO. Chamou atenção a escolha de Daniel Orsanic, capitão argentino, por Federico Delbonis para o ponto decisivo contra o gigante Ivo Karlovic. Orsanic não escalou Leonardo Mayer, que vinha de dez vitórias seguidas nas simples na Davis. Mais acertado impossível. Delbonis esmagou o ''fantasmão'' Karlovic.
QUEBRA TUDO, ARGENTINA… De tão desejado, o troféu da Davis simplesmente quebrou quando erguido por Delbonis em Zagreb. Bateu na boca e machucou.
…ATÉ O DEDO DE DEL POTRO. San Martín contou depois do jogo contra Cilic que seu mindinho esquerdo estava quebrado. Ocorreu quando pediu pausa e não viu que o croata já sacara – a 207 km/h! – no começo do quarto set.
PECHO FRÍO? Juan Martín era tratado por muitos na Argentina como tenista sem alma – ele virou contra Cilic um jogo de cinco sets pela primeira vez na vida. Jogou quase 11 horas de sexta a domingo e terminou exausto, deixando tudo.
BEIJO NA MUNHECA. Ao encontrar Maradona, Del Potro pediu antes de enfrentar Cilic para Diego beijar seu punho esquerdo, operado três vezes. O tenista retribuiu regalando ao Diez uma das raquetes que usou no histórico triunfo.
Com o título, Maradona, claro, explodiu na tribuna em Zagreb como só ele sabe.