‘A maioria dos jogadores fuma’, diz ex-técnico do Boca
Tales Torraga
O jogo duro e a habilidade são as duas principais faces do futebol argentino. Daí o blog ser ''Patadas y Gambetas''. Mas ele bem poderia ser o ''Tragadas y Gambetas''.
Quem explica a ligação das tragadas com o futebol é Vasco Arruabarrena, técnico que comandou o Boca Juniors até março: ''A maioria dos jogadores fuma. Grande parte, pelo menos. Cabe ao treinador estabelecer o limite'', declarou ao ''Olé''.
''Comigo, ninguém fumava no vestiário. Tínhamos vários jovens da base. Os mais velhos não queriam dar mau exemplo'', seguiu o hoje técnico do Al Wasl, dos Emirados Árabes. ''No carro ou em casa, faziam o que queriam. Os treinadores sabem tudo. Até quem come chocolate. Cabe ao treinador forçar a relação ou não.''
Muito comentadas em Buenos Aires, as declarações resgataram a saída de Loco Osvaldo do Boca. O atacante foi expulso do time em maio por fumar no vestiário.
O treinador já não era Arruabarrena – e sim o muy serio Guillermo Barros Schelotto.
A Argentina fuma muito mais cigarro que o Brasil. As metrópoles brasileiras que lideram este ranking são Porto Alegre (16%) e São Paulo (14%). A prefeitura de Buenos Aires diz que 32% dos adultos na capital são fumantes. Puro humo, loco!
Aplicando a média em uma partida do Argentino: dos 22 jogadores, 7 ou 8 fumariam.
A conta está longe de ser enganosa. A Argentina olha com naturalidade para os cigarros no futebol. Os mais antigos lembram de César Luis Menotti, de pucho em punho, dando instruções aos seus jogadores na Seleção do país entre 1974 e 1982.
Abaixo, com Passarella, outro notório atleta fumante – era ainda o 'Grande Capitão'.
A Argentina que eliminou o Brasil e foi vice na Copa de 1990 também estava repleta de fumantes, como conta Diego Maradona em história igualmente famosa na capital.
Há no país a ideia não tão velada de que, além do tabaco, há muitos atletas adeptos da maconha – embora a droga acuse doping normalmente na Argentina.
A cultura cannabica em Buenos Aires é massiva. E como o tabaco, encarada sem grandes tensões. Há até revistas especializadas. A mais conhecida é a THC.
A publicação revelou que Ariel Garcé, zagueiro levado por Maradona para a Copa de 2010, era defensor ferrenho também dos 'porros', os cigarros de maconha.
Caso famoso como o de Garcé é o de Sandro Guzmán. Goleiro do Boca e do Vélez nos anos 90, ele largou o futebol em 1997 para se dedicar à cultura rastafari.