Olimpíada motivou Messi a voltar à Seleção
Tales Torraga
Lionel Messi voltou. Sem sequer ter ido. Brincadeira da noite em Buenos Aires: ele agora detém novo recorde na carreira, o de mais breve renúncia à Seleção. Do choro e do 'ya está' de Nova Jersey para agora, nenhuma partida oficial. Só 47 dias.
A volta de Messi à Seleção era certa desde o começo de agosto. O que se oficializa hoje (12) é sua participação contra Uruguai (Mendoza) e Venezuela (Mérida) nos dias 1º e 6 de setembro. A comissão técnica esperava que ele só voltasse em 2017. A Argentina é a terceira nas Eliminatórias (11 pontos, dois atrás do líder Uruguai).
A antecipação é fácil de entender. Messi ficou particularmente tocado com o carinho que os atletas olímpicos argentinos receberam dos torcedores no Rio de Janeiro.
Messi sabe o que é ganhar a medalha de ouro – brilhou com uma em 2008, em Pequim, o que não é a mesma coisa de triunfar em um país vizinho. Daí sua recarga na bateria para voltar a sentir o que 99 de 100 atletas argentinos valorizam até los huesos: pôr a bandeira do país sobre o coração e dejar todo hasta la muerte.
A relaxada conversa de Patón Bauza com Messi em Barcelona foi ontem, quinta. Entre um mate e outro, falaram mais do ouro da Peque Pareto no judô e da vitória de Del Potro sobre Djokovic do que qualquer sistema de trabalho a ser implantado.
Bauza colocou em prática aquilo que se dispôs desde o começo. Bastava dar carinho e profissionalismo. Messi voltaria à Seleção pelas próprias pernas.
Contribuiu para seu retorno também algumas brincadeiras sobre a rivalidade de Rosário. Bauza brincou que ficaria sozinho se ele, do Central, não tivesse ninguém do Newell's para cargar. Excelente técnico, Patón é ainda melhor motivador.
Jaque mate, leproso.
Bauza e Messi compactuam também que a união gera uma bem-vinda mensagem de paz no momento em que Rosário registra seguidos assassinatos de torcedores e outras barbaridades em uma cidade cada dia mais conturbada e ajoelhada.
A distância entre ambos neste momento delicado em que famílias são devastadas pela loucura do futebol poderia ter efeito contrário à buena onda que propõem agora.
Juntos, Messi e Bauza dizem, Rosário está no cume. No topo do ranking da Fifa e como técnico e capitão. Tal mensagem será muito difundida a partir de agora, aproveitando que a Seleção se aconchega em outras províncias e se distancia de Buenos Aires pelo cada vez maior e mais agressivo mau humor portenho.
As fibras sentimentais aguçadas pela Olimpíada do Rio deixam claro também que Messi, aos 29 anos e com muito provavelmente mais cinco em alto nível, precisa olhar para fora do clube se quiser ter desafios. Já ganhou tudo pelo Barcelona.
Não ganhou nada pela Seleção. Está é a grande, imensa motivação da sua vida.
A volta de Messi atende também a um particular interesse de Bauza. Patón precisaria formar uma seleção sem ele e depois incorporá-lo com todas as comparações e tormentas que envolvem a chegada de um jogador de seu naipe.
Arrancam juntos desde o primeiro passo. Ponto para Patón, que começa seu trabalho com expressiva vitória antes mesmo de entrar em campo.
Sua serenidade conquistou Messi. La Pulga não é tão chegada em rock. Prefere cumbia e reggae. Seu grupo preferido é o Los Cafres. Mas acaba de mandar o melhor dos trechos do grande sucesso da banda portenha – e bien rockera – La 25:
(…) 'Nunca me fui del barrio, siempre estoy llegando' (…)
Os convocados por Bauza para os jogos contra Uruguai e Venezuela: