Patadas y Gambetas

‘Estádio sem o mesmo peso’: Nem a Bombonera resiste à fixação pelo celular

Tales Torraga

Famoso 'caldeirão mais selvagem das Américas', a Bombonera, nesta noite, pode mesmo se recolher no passado. O Boca Juniors decide 21h45 sua ida à final da Libertadores contra o Independiente del Valle-EQU para descontar o 1×2 de Quito.

Conta com a insana torcida que vai lotar os 49.000 lugares do Alberto Jacinto Armando, nome oficial da Bombonera que…


…já não pesa como antes.

Esta é a opinião de parte da torcida do Boca, ao menos os realistas, porque os neutros ou rivais cravam sem piedade: a Bombonera hoje é mera cancha a mais.

A discussão, claro, chegou à estridente TV argentina. A bola foi levantada por um dos mais respeitados comentaristas da Fox Sports, Carlos Aimar, ex-jogador de Central e San Lorenzo e ex-técnico do próprio Boca Juniors em 1989 e 1990.

Resta ver se ele vai à Bombonera nesta noite – habitualmente sim para trabalhar –  e como vai entrar e sair.

Entre as razões que fazem o estádio perder o protagonismo, o fenômeno de comportamento mais marcante dos tempos modernos: a fixação pelo celular.

Até os bosteros, sempre re locos, hoje dividem a atenção entre apoiar o Boca, mi buen amigo, e registrar suas visões próprias para depois subir e esperar o me gusta.

No ano passado, o Boca já foi eliminado em sua própria casa, na lamentável Noite do Gás em que a torcida queimou os olhos dos jogadores do River Plate.

Cair pelo segundo ano seguido na Bombonera seria sim sinal dos novos tempos.

E este novo tempo já se desenhou nas quartas-de-final contra o Nacional-URU, quando o Boca esteve a uma mera de cobrança de pênalti da eliminação.

Ou, como sintetizou Cai Aimar para o mundo Boca ouvir: ''Classificou peidando''.

Sim, essas coisas são ditas no ar na Argentina sem dramas.

Sim, a Bombonera vai explodir, sim, a polêmica já deixa a torcida pronta para despejar toda a raiva em cima dos azarões equatorianos, sim, Maradona e Riquelme estarão nos camarotes para apoiar o time de Guillermo Barros Schelotto, bostero de quatro costados que jogou com ambos.

Apesar do exagero argentino, é claro que o estádio incomoda os rivais e segue programa imperdível para quem o visita. Mas hoje muitos tiram sarro. Está mais para Heladera (geladeira) que Bombonera.

O refrão 'La Bombonera no tiembla, late', 'A Bombonera não treme, pulsa', é de outros tempos, os que não voltam nunca mais, esses aqui.