‘Técnico da Fé’: A virada épica que Patón Bauza busca reviver na Colômbia
Tales Torraga
Faz 20 anos, mas Edgardo Bauza não acredita.
Faz menos. Claro que faz menos.
Se falassem 'faz dois anos' faria mais sentido.
Só não faz sentido que já tenha passado 20, e em dezembro passará mais um, 21.
El Patón terá nesta noite, em Medellín, a chance de oferecer ao São Paulo um pouco da maior alegria que seu coração de 58 anos já latiu.
Foi em 19 de dezembro de 1995, noite em que a Terra parou em Rosário.
Bauza era coordenador da base do Central. Trabalhava lado a lado com Don Ángel Zof, técnico do time principal, o mesmo que o fez virar, em 1977, atleta profissional.
Profissional. Tudo que a noite em Rosário não era. Mesmo perdendo a final de ida da Copa Conmebol por 4×0 para o Atlético Mineiro, a torcida enlouquecida transbordou o Gigante de Arroyito como se o 4×0 fosse a favor.
Falar deste jogo com qualquer canalla é ver o olho brilhar e ouvir a voz quebrar.
A do Patón quebra. Testem.
Um, dois, três gols no primeiro tempo. Ninguém acreditava no 3×0 que deixava o Central a apenas um gol da maior façanha de todos os tempos. Ninguém acreditava que um estádio resistia a tamanha festa sem quebrar en mil pedazos.
Da festa para a baldúrdia, um 4×0 no penúltimo minuto que fez la gente não se beliscar para acreditar – mas se espancar com o placar que levaria o título para os pênaltis contra o Atlético do goleiro 'Acabou, é tetra!' Taffarel.
A bola que subiu na final da Copa do Mundo entrou na Copa Conmebol. O Central saiu campeão desatando o maior descontrole já visto em um estádio de futebol. Nem um mestre da ilusão como El Negro Fontanarossa faria melhor.
Bauza sempre escancarou a alma canalha. Que, certeza, jogará pelo São Paulo na desforra contra outra virada, mais recente, menos dramática, a do Atlético Nacional sobre o Central aos 184 minutos das quartas-de-final.
Não é uma Libertadores qualquer, não é uma noite qualquer, não é um clube qualquer, não é um técnico qualquer, a fé não é para qualquer.
Hoje, 15 milhões cantam 'Sólo le pido a Dios' e a Patón.
– Que la noche no me sea indiferente…
– El San Pablo es un monstruo grande y pisa fuerte…