Patadas y Gambetas

Bauza e Gallardo: favoritos ao cargo vago por Tata ‘Martírio’ na seleção

Tales Torraga

Nem para a gente, nem para o diário espanhol ''As'' foi uma surpresa: a renúncia de Tata Martino comunicada hoje já estava determinada desde a derrota para o Chile.

O ''As'' foi além. Escreveu que Martino – chamado em Buenos Aires nos últimos dias de 'Martírio' – comunicou aos seus colegas de corpo técnico ainda no ônibus, saindo do estádio depois de perder a final, que não seguiria no cargo.

O histórico caos dos últimos dias no futebol argentino – onde caos brotam a cada mês – teve pouca influência. A comunicação ocorreu apenas hoje porque ele esperava a reunião com dirigentes da AFA para informar-lhes a renúncia pessoalmente antes de tornar pública sua decisão meditada há nove dias.

Foi estranho, porém, Martino usar duros termos contra a desorganização do futebol argentino em seu comunicado oficial, algo encarado por toda a Argentina como escapismo porque ele não pularia fora se fosse campeão contra o Chile.

A situação é tão surreal que o ácido comunicado foi disparado pela própria AFA, provando que a Argentina está de pernas para o ar como nunca.

Entre os portenhos há expectativa de iminentes e violentos protestos contra os aumentos de luz e gás, e esta tensão está instalada em tudo, não só no futebol.

Em Buenos Aires é dada como certa a busca de um treinador exclusivamente aos Jogos Olímpicos para a definição do sucessor de Martino ser mais tranquila. O nome mais forte para o Rio de Janeiro é o de Humberto Grondona, treinador campeão sul-americano sub-20, competição que classificou a Argentina à Olimpíada.

Humberto é filho de Julio Grondona, ex-presidente da AFA, morto no ano passado.

Outro candidato é Julio Olarticoechea, atleta em 1986, atual treinador do sub-20.

(Acabou sendo ele, El Vasco Olarticoechea, o escolhido para os Jogos)

AFA, por sinal, que está sem presidente e sem dinheiro. Martino deixou o cargo também porque ficou sem receber o salário de, dizem, de quatro a seis meses.

Quem segue o órgão de perto afirma que a inanição é uma tática do presidente da Argentina Mauricio Macri e de Rodolfo D´Onofrio e Daniel Angelici, mandatários de River e Boca, para definirem um sucessor que corresponda aos interesses do trio.

O nome de Edgardo Bauza, do São Paulo, é forte favorito para o lugar de Martino. É a aposta dos jornalistas que seguem há muitas décadas os bastidores da seleção. Tanto que até uma arte com seu nome e retrospecto já circula em Buenos Aires.

Diego Simeone esteve na semana passada na capital portenha e confirmou aquilo que colocou até em seu livro recém-lançado: não pensa em seleção por enquanto.




Caso semelhante é o de Mauricio Pochettino, do Tottenham, técnico só desde 2008.

O mano a mano então seria entre Bauza e Marcelo Gallardo, do River Plate. Outros dois nomes ventilados a princípio seriam mais difíceis de aceitar: Marcelo Loco Bielsa e Jorge Sampaoli, recém-colocados respectivamente na Lazio e no Sevilla.

Sampaoli deve receber em Sevilha nesta quarta ou quinta a visita de Juan Sebastián Verón, emissário da AFA, que lhe fará o convite formal – que só seria efetivado em caso de acordo nas conversas por telefone que têm desde ontem.

A multa pela saída seria um problema. A seleção não tem dinheiro. Só dívidas.

Gallardo tem a seleção como consequência natural da carreira e, segundo seu biógrafo, Diego Borinsky, aceitaria o chamado imediatamente.

Bauza, com a cabeça na semifinal da Libertadores com o São Paulo, pode ganhar uma razão para dividir seu pensamento nos próximos e cruciais dias de Morumbi.

* Atualizado às 14h40 de quarta (6). Abaixo, o ''Olé'' pedindo por um técnico e brincando: ''Não nos deixem mestiços''. Mestiço, Cholo, é o apelido de Simeone.