Café veloz, ameaça de briga e fezes na mão: as táticas argentinas em finais
Tales Torraga
Chegou o grande domingo. Nem ontem, nem amanhã. Hoy es hoy, Argentina.
Buenos Aires acordou com 6 graus do típico frio de junho e com a boca seca (e cheia) de ansiedade. A data já tem até sigla: 26J. A noite que pode representar seu primeiro título no futebol em 23 anos é também ocasião propícia para o país voltar a tocar em 'fibras sentimentais' pesadas e escancaradas ontem em Tata Martino.
Seu semblante gritou para todo o mundo a pressão e esgotamento deste domingo.
Só o muito insensível não reconhece seu fardo. O ''Olé'' nem mostra cara: só grita 'Hoje não podemos perder'. O ''Clarín'' pede revanche; o ''La Nación'', obsessão.
A sede de vitória que sufoca a Argentina é comum – incrível possa parecer. O exagero que sempre acompanha as conquistas e derrotas é razão para a seleção recorrer a táticas escusas mais de uma vez e dizer ''importante é ganhar, não como''.
(Daí a referência do discurso de Martino na capa do ''Olé''.)
Relembramos seis episódios do tipo. A partir das 21h, todos de olhos bem abertos.
1978. A Holanda punha medo e o capitão Daniel Passarella pôs…fezes na mão para ''jogar sujo'' e intimidar. ''Krol foi apertar sua mão e não entendeu nada'', diz aqui. Os próprios colegas condenaram: ''Passarella era um f… da p… nojento que punha merda nas maçanetas dos quartos'', falou o atacante Houseman.
1986. O vestiário argentino antes do jogo contra a Inglaterra era só silêncio. Rompido pelo zagueiro Tata Brown. Tirou as chuteiras e começou a bater as travas nas paredes com toda a força. ''Essa é para o inglês que quiser passar por mim. Vou arrebentá-lo, vou levantá-lo''. Encheu a seleção de brio, contou Maradona.
1986 (2). O hábito no México 1986 era tomar refrigerante no café da manhã e almoçar hambúrguer. A superstição pouco saudável foi mantida, claro, até a finalíssima contra a Alemanha. ''São irresponsáveis, se esforçam para o Mundial e comem isso'', queixou-se o então médico Raúl Madero.
1990. A trama que terminou na água batizada oferecida ao lateral brasileiro Branco foi descrita em detalhes por Maradona. O jogo válido pelas oitavas do Mundial Itália 1990 acabou 1×0 para a Argentina que carrega em si uma grande vergonha.
''Buscamos o atalho e a trapaça e no fundo somos os bobos da história'', definiu certa vez Mauricio Macri, atual presidente da Argentina.
1990 (2). Maradona tinha estirado a coxa e estava sem condições de ser titular na final contra a Alemanha. O técnico Bilardo o colocaria no segundo tempo. ''E eu levanto do banco e te cubro de porrada'', devolveu Diego. Detalhes aqui.
1993. Argentina e Austrália disputaram entre si quem jogaria a Copa de 1994. A seleção foi dopada com 'café veloz' e ok de Julio Grondona, presidente da Associação Argentina. O 'café veloz ' é hoje comércio paralelo portenho. Mirá.