Guerra das Malvinas, soco em Messi e mordida de cão. A rixa Argentina-Chile
Tales Torraga
Conversar em Buenos Aires do Argentina x Chile deste domingo exige ouvido e estômago blindados para lidar com os sérios insultos destinados aos chilenos.
Sim, a final da Copa América do ano passado está fresquita e contribui com o aumento da rivalidade – embora o termo correto aqui infelizmente seja outro.
É hostilidade. Não é só ganhar. É também fazer o outro sofrer.
O olhar portenho em relação ao Chile é carregado de ódio há 34 anos, desde a aliança Pinochet/Thatcher para matar os argentinos na Guerra das Malvinas.
O rancor originou, na parte mais furiosa da Argentina, este cântico raivoso na Copa América do ano passado no Chile. Chamá-los de 'traidores' foi a ofensa mais leve.
(E os brasileiros reclamando do 'Tener en casa a tu papá…')
O revide chileno na Copa América veio com cartazes, na vaia histórica ao hino argentino na decisão e na loucura que foi agredir a família de Messi no estádio.
Engana-se quem pensa que os ânimos foram esfriados. O chileno Vidal e Tevez já bateram boca. ''A Argentina não tem rival'', falou Tevez, ''Está no direito dele de torcedor'', ironizou Vidal, tripudiando o Apache não ser chamado para a seleção.
Vidal disse também que a Copa América a ser defendida é a de 2019, ampliando a vigência do título do ano passado e escancarando:
– Se importante à Argentina, a final de domingo não é tanto para o Chile.
A rixa argentina com os chilenos é histórica também nos clubes. Quando Marcelo Salas foi para o River Plate em 1996, o negócio quase não saiu em razão da cabeça pequena dos dirigentes. 'Desde quando chileno dá certo na Argentina?', pensaram.
Deu tão certo que o Monumental cansou de explodir de gritar 'Chileeeeno'.
Errado foi Colo-Colo x Boca, semifinal da Libertadores 1991, quando a polícia de Santiago soltou o cachorro para morder o traseiro de Montoya, goleiro do Boca.
Prova da animosidade, o cachorro ganhou um santuário da torcida do Colo-Colo.
A postura profissional chilena em relação a esta rivalidade é mais amena. A seleção de futebol conta com técnicos argentinos desde 2007: Bielsa, Sampaoli e hoje Pizzi.
Manter a fila argentina com técnico do país vai aumentar a dor que tanto machuca.
O pior rival rende sempre a melhor vitória. Ojo. Imperdible. 21h.