Topo Gigio rebelde. Quando Riquelme enfrentou Macri para todo mundo escutar
Tales Torraga
Hoje faz 15 anos. Em 8 de abril de 2001 o Boca venceu o River por 3×0 na Bombonera em noite histórica. Menos pelo placar. Mais por Román Riquelme enfrentar Mauricio Macri, então presidente do Boca, hoje presidente da Argentina.
Desavenças entre craques e presidentes são comuns. Raro é quando a rixa origina a comemoração de gol no principal clássico do país. Riquelme marcou o 2×0.
E, com as mãos nos ouvidos, pedindo ''fale agora'', correu até o meio de campo e estacionou em frente ao camarote onde estava Macri. No ponto exato:
A origem mais aceita para a animosidade foi Macri ter ''vazado'' o quanto Riquelme ganhava. A Argentina em 2001 vivia grave crise econômica, e o Boca queria vendê-lo – e vendeu – para o Barcelona. Román foi. Sua comemoração Topo Gigio ficou.
Irônico, dizia que era para a filha, que gostava do personagem.
Outra grave crise de Macri no Boca de 2001 foi com o técnico Carlos Bianchi. Intempestivo, saiu da sala e largou Macri falando sozinho em entrevista coletiva.
Macri e Bianchi brigavam por extensão de contrato, algo que o técnico não queria e não aceitou. Deixou o clube em 2001, voltou em 2003 – com Macri ainda presidente.
O hoje homem mais importante da Argentina fez fama no futebol sabendo a importância das peças no jogo político. Além de Bianchi em 2003 voltou às boas com Riquelme em 2007 para o Boca ganhar a Libertadores e fazer da Copa um cabo eleitoral na campanha para a prefeitura de Buenos Aires daquele mesmo ano.
Com Maradona, igual. Choque-amizade-sequência de trabalho. Se não fosse assim, Macri dificilmente comandaria o Boca, este mundo de loucura, de 1995 a 2007.
O que Macri custa a digerir – segundo Daniel Angelici, atual presidente do Boca – é o Topo Gigio. Lembrar daquela noite na Bombonera o faz perder a fala.
Daniel Scioli, rival na corrida à Casa Rosada, por isso repetia o gesto – e provocava.
Sem jogar há 15 meses e curtindo a pacata Don Torcuato, Buenos Aires, enquanto não se lança à presidência do Boca, Riquelme, 37, entre um mate e outro, seguro vai lembrar nesta sexta da audácia de 15 anos atrás. Que los cumplas feliz, Topo!