Atacante admite: seleção argentina jogou dopada contra o Brasil
Tales Torraga
Pepe Castro, atacante argentino dos anos 70 e 80, é o entrevistado do mês na excelente seção 100×100 da revista El Gráfico, nas bancas portenhas desde 1919.
Ele contou que a Argentina enfrentou o Brasil na Copa América de 1979 depois de tomar ''pastilhas'' na véspera. Como se recusou, foi sacado pelo técnico Menotti.
''Foi antes de jogar contra o Brasil no Maracanã em 1979. No dia anterior, em um quarto, os referentes perguntaram quem iria tomar pastilhas. Pedrito Larraquy [volante do Vélez] e eu nos negamos.''
Sabia o que eram as pastilhas?
''Antes do jogo, o que iam dar? Mentho-lyptus? No fim, fiquei no banco. Vinha de arrebentar contra a Bolívia na altura. Contra o Brasil era titular durante toda a semana, o jogo era mostrado nos cinemas de Buenos Aires, toda minha família foi ao cinema, mas depois desta conversa me tiraram.''
O Brasil venceu a Argentina no Rio por 2×1, gols de Zico, Tita e Coscia – substituto de Castro, que entrou aos 17min do segundo tempo.
Os brasileiros naquela noite de 130.000 pessoas no Maracanã foram: Leão; Toninho, Amaral, Edinho e Pedrinho; Carpegiani, Zenon (Batista) e Tita; Palhinha (Juari), Zico e Zé Sergio. Técnico: Cláudio Coutinho.
A Argentina formou com: Vidallé; Barbas, Van Tuyne, Passarella e Bordón; Gáspari, Larraquy – citado acima por Pepe Castro – e Gaitán (López); Coscia, Maradona e Ramón Díaz (Castro).
Na volta, em Buenos Aires – 2×2, gols de Sócrates (dois), Passarella e Ramón Díaz.
Sem sede fixa, a Copa América 1979 foi vencida pelo Paraguai contra o Chile.
Os exames antidoping no futebol surgiram justamente nos anos 70. As duas primeiras punições em Copas foram em 1974 (Jean Joseph, do Haiti) e 1978 (Willie Johnston, da Escócia).
No documentário Verdade ou Mentira? sobre a Copa de 1978, o atacante Ortiz admitiu que a Argentina também recorreu ao doping para vencer aquele Mundial: