Patadas y Gambetas

1 gol em 3 jogos. Libertadores vê Boca de Tevez com pior ataque em 34 anos

Tales Torraga

Uma bomba de mais de 30 metros, típica da altitude. Em cobrança de falta aos 49min50s do segundo tempo, o Boca Juniors chegou enfim ao primeiro gol nesta Libertadores. Foi o do empate de 1×1 com o Bolívar nos 3.600 de altura de La Paz.

Tevez contra o Bolívar

E nem foi de atacante. Foi do meio-campista Carrizo, que pediu a Tevez – em campo por todos os minutos da campanha – para cobrar a falta que encerrou o jogo.

O gol salvou até mesmo a eventual classificação do Boca. Perdendo ontem, precisaria vencer os próximos três jogos. Dois na Bombonera, contra o Bolívar (7.abr) e Deportivo Cali-COL (20.abr), e em Avellaneda, contra o Racing (13.abr).

Lodeiro e Carrizo / AFP

Com três empates em três jogos, o Boca é o terceiro do grupo, mas pode até perder para o Racing e se classificar em segundo.

A seca de 468 minutos sem gols vinha desde 20 de fevereiro, contra o Newell´s no Argentino. Também o primeiro em três jogos do técnico Guillermo Barros Schelotto.

Titulares do Boca contra o Bolívar

Para achar um Boca de ataque tão pobre na Libertadores é preciso voltar até 1982, 17 participações atrás do clube na competição. Em grupo com River Plate e os bolivianos do Jorge Wilstermann e The Strongest, o Boca terminou o primeiro turno da fase de grupos sem gols e só 1 ponto do 0x0 com River. Eliminado de cara.

Desempenho mais fraco, mas com mais gols, ocorreu em 1994. Apenas 1 ponto (empate com o Vélez) e 2 derrotas (Cruzeiro e Palmeiras) ao fim de 3 jogos e 3 gols.

A situação é oposta à de 2015, quando o Boca somou 6 vitórias em 6 jogos, marcou 19 gols e só sofreu 2 em grupo com o Wanderers-URU, Palestino-CHI e Zamora-VEN. Foi eliminado pelo River nas oitavas.

O rival foi o pior classificado da primeira fase – só 7 pontos. No primeiro turno, 2 pontos e 2 gols. Em 5 de agosto, erguia a Copa diante do Tigres-MEX.

No ano anterior, 2014, o campeão San Lorenzo fez o mesmo. Passou de fase com a pior campanha – 8 pontos, 4 ao fim do primeiro turno com 2 gols marcados.


Mais que surpreender, a pobreza do Boca espanta. Com Gago, Orión, Cata Díaz, Osvaldo, Tevez e Lodeiro (que não aparece na capa), era dado na Argentina como virtual campeão. Até pela pressão nos bastidores que Mauricio Macri, atual presidente do país e ex-mandatário do Boca, poderia exercer em favor do clube.

A capa da revista El Gráfico do mês passado mostrava: ''O Boca armou o plantel mais poderoso do futebol argentino e é o favorito para ganhar todos os torneios. Poderá impor esta hierarquia e evitar problemas de disciplina?''.

Como na Argentina exagero e futebol são como bola e gramado, já há quem aponte que os amigos Tevez e Calleri vão dar adeus à Libertadores antes das oitavas.