Patadas y Gambetas

O triângulo amoroso que dividiu a dupla de zaga do River contra o São Paulo

Tales Torraga

Nesta quinta (10) – 19h30, Monumental -, fase de grupos. Mas River Plate e São Paulo já decidiram vaga na final da Libertadores em meio a imenso drama pessoal.

Tuzzio (esquerda) e Ameli, dupla de defesa do River em 2005

Foi em 2005, 11 anos atrás.

Por grave problema pessoal entre Ameli e Tuzzio se cortou amizade de sete anos. Explicam: são ''questões econômicas''. Ontem, treinaram a defesa normalmente.

Todos os jogadores do plantel se solidarizaram com Tuzzio. Ao saber do motivo da briga, um jogador pediu seu afastamento ao técnico Astrada devido ao inimigo íntimo. Nem todos concordam. Precisam do seu temperamento em jogos cruciais.

Ameli (2) e Tuzzio (6) vibram em 2001 pelo San Lorenzo

Ameli teve vários problemas com o grupo. Nas últimas concentrações, dormiu sem companheiro no quarto. Perdeu ascendência, mas reconhecem suas virtudes para ser a voz de mando dentro de campo. Fora do gramado, ninguém lhe fala nada.

Este texto é do jornal ''La Nación'' de 11 de maio de 2005. Em 2 e 16 de junho, o River encarou o Banfield em selvagem quartas-de-final. Che, pasó de todo.

Ameli, Barijho e Tuzzio

Em Banfield, 1×1. No Monumental, River 3×2. Chipi Barijho, atacante ex-Boca, provocou a dupla nos 180 minutos. Pisou em um, passou a mão em outro.

A mão de Barijho em Ameli

TVs não falavam de outra coisa. Importante apresentador, Jorge Rial informou que um dos dois havia comprado revólver para resolver a situação. No ponto:

Neste ambiente, em 22 de junho – 1 mês e 11 dias depois de a briga ser pública – o River veio a São Paulo e levou 2×0. Quarta seguinte, Buenos Aires, São Paulo 3×2.

Morumbi. Amoroso com a bola, Ameli e Tuzzio à direita da foto / Gazeta Press

Forte, aquele São Paulo esteve sempre à frente no placar. Varreu o Atlético Paranaense na decisão da Libertadores e conquistou o Mundial contra o Liverpool.

Para o técnico Leonardo Astrada, aquele River x São Paulo teria desfecho diferente. Em entrevista à revista El Gráfico no fim de 2008, comentou:

Tuzzio-Ameli explodiu antes da semifinal com o São Paulo. O que pensou? Acabou tudo, não podemos nunca ganhar a Copa?
Sabia que era muito, muito difícil. Tratei de acomodar as coisas como pude e se os dois ficaram foi por um desafio futebolístico. Uma pena. Estava convencido de que neste ano tínhamos tudo para ganhar Libertadores e Argentino.

Te surpreende que Ameli quase não tenha jogado futebol desde o affaire?
Não, não me surpreendeu. Não sei se lhe ficou uma etiqueta. O que o golpe produziu em sua intimidade foi mais duro. Pelo futebolístico, qualquer um gostaria de tê-lo.

É verdade que se irritou mais com Tuzzio que com Ameli?
Me irritei com Tuzzio porque me citou situação diferente da que depois se deu. Por isso não acredito nem em um, nem em outro. Em mim não cagou um só. Me cagaram os dois.

Te oferecem de graça Ameli para sua equipe. Aceita?
Não.

E Tuzzio?
Tampouco.

Ameli e Tuzzio formaram defesa pela última vez na derrota para o São Paulo no Monumental. Deixaram o River em seguida.

Difícil. Tuzzio, a cara tensa e os microfones

Tuzzio foi para a Espanha e logo voltou à Argentina. Viver era aguentar provocação.

Contra o San Lorenzo, viu o atacante Bergessio mostrar o indicador e mínimo.

Torcidas levavam faixas com seu nome e o trocadilho: O teu é meu. O meu é teu.

Tuzzio rompeu o silêncio em 2010. O ''La Nación'' de 8 de abril:

Em entrevista à revista El Gráfico, Eduardo Tuzzio, referente do Independiente, falou do tema que nunca tocara: o conflito com Horacio Ameli no River.

''Foi difícil, estive 20 dias muito mal, muito triste, pensei em não jogar mais. Passou tudo pela cabeça. Por sorte, nada se concretizou'', contou Tuzzio, perto de completar 36 anos, sobre aqueles tempos, quando se informou que sua mulher o havia enganado com um dos seus companheiros no plantel millonario.

A relação entre Amelli e Tuzzio se rompeu em 2005, quando o River brigava pela Libertadores e pelo Clausura. Ambos titulares, já não se falaram. Este fato sacudiu a intimidade do plantel, cujos resultados começaram a declinar. A temporada acabou com a eliminação nas semifinais da Libertadores e distante da briga no torneio local.

Depois do ocorrido, Tuzzio revelou que decidiu ir a Mallorca porque ''não tinha alternativas'' e sentia que tinha que ir ''sim ou sim do país'' porque estava ''muito mal e precisava sair, trocar de ar''. Ressaltou que tomou uma decisão duríssima, mas que o fez crescer como pessoa. Logo, seus filhos viajaram à Espanha. Também sua mulher, em pese que os dois já estavam separados.

''No começo tudo era uma bomba. Depois, obviamente, foi se apagando. Era questão de tempo. Tudo na vida é'', explicou Tuzzio, muito ajudado por Carolina, atual esposa.

2010. Tuzzio, Carolina e filhos (os maiores, do casamento anterior) / El Gráfico

O pós-Mallorca recompensou o esforço e equilíbrio de Tuzzio. Voltou ao River, foi campeão do Clausura 07/08 – como capitão – e chamado para a seleção.

Tuzzio, segundo em pé, ao lado do goleiro Carrizo / Getty Images

No torneio seguinte, incrível, o River amargou a lanterna. Então, deixou o clube.

Foi para o Independiente e virou ídolo.

Contra o Goiás, cobrou o pênalti que deu ao clube a Sul-Americana de 2010. Foi eleito o craque do campeonato. Tinha 31.

Parou de jogar em 2014, no Ferro Carril Oeste. Virou ajudante de campo de Claudio Borghi na então comissão técnica do Independiente.

Melhor jogador da Sul-Americana 2010

Depois do River, Ameli jogou seis partidas em 2006 pelo Colón. Só deixou o ostracismo em 2007, quando brigou com o frentista em posto de gasolina.

Ameli defendeu o Internacional e o São Paulo em 2002 / Agência Estado

Nas eleições presidenciais de novembro, um fã de Rosário postou no Twitter o registro mais recente de Ameli na rede.