Trocar técnico e ser campeão, dilema inédito ao Boca
Tales Torraga
Anunciada nesta tarde, a saída de Rodolfo Arruabarrena do comando do Boca Juniors era prevista pelo momento – mas muito difícil de apostar pela história.
Diferentemente do Brasil, trocar treinador na Argentina com a Libertadores em andamento é tão raro que só deu certo uma única vez em 26 títulos.
A única ocasião em que mudar o técnico significou ganhar a Copa foi em 2009. O Estudiantes começou com Leonardo Astrada. Antes do fim da primeira fase, Alejandro Sabella assumiu seu lugar. E foi campeão sobre o Cruzeiro no Mineirão.
Na Argentina ninguém aposta em outro nome para comandar o Boca que não o do ex-jogador Guillermo Barros Schelotto. Ele vai herdar um grupo estrelado, mas um pálido 0x0 contra o Deportivo Cali na estreia e um planejamento que não é seu.
Maior clube do país e torrente de pressões e problemas, o Boca é o clube argentino que mais carece de estabilidade no comando.
Além de manter sempre seus técnicos campeões do início ao fim da Copa, apostou tudo em um único homem para conquistá-la três vezes – Carlos Bianchi, em 2000, 2001 e, depois de intervalo fora do clube, em 2003.
O Brasil tem 17 títulos na Libertadores – nove menos que a Argentina. E em cinco oportunidades trocou o treinador durante a campanha para erguer a Copa: Santos (2011), Internacional (2010), São Paulo (2005), Cruzeiro (1997) e Flamengo (1981).
Ou seja, quase 30% dos títulos vieram depois das mudanças.
A lista brasileira:
2011, Santos – Muricy Ramalho no lugar de Adilson Batista (na 1ª fase)
2010, Inter – Celso Roth no lugar de Jorge Fossati (semifinal)
2005, São Paulo – Paulo Autuori no lugar de Leão (1ª fase)
1997, Cruzeiro – Paulo Autuori no lugar de Oscar Bernardi (1ª fase)
1981, Flamengo – Paulo César Carpegiani no lugar de Dino Sani (1ª fase)