Bauza no São Paulo: estreia de cair a dentadura
Tales Torraga
Estreando hoje na fase de grupos da Libertadores – 19h30, Pacaembu, contra o The Strongest -, o São Paulo tem em Edgardo Bauza o improviso que deu muito certo.
Técnico bicampeão da América e lenda do Rosario Central, Bauza estreou como jogador profissional porque um companheiro – pensem! – engoliu a dentadura.
''Ballejo, o nome dele. Depois do treino, foi beber água numa torneira de jato muito forte. A água arrancou seus dentes. Os engoliu. Foi levado de urgência. Miguel, para o hospital. Eu, para a concentração com os profissionais.''
Era 11 de janeiro de 1978, rodada final do Argentino de 1977. Jogando em Rosário com Bauza na defesa e Carlos Griguol de técnico, Central 4×0 Quilmes.
Zagallo não faria melhor. O futebol ''teve que engolir'' El Patón Bauza.
(Também um chamado às pressas permitiu a Rogério substituir Alan Kardec e fazer o São Paulo 1×0 Cesar Vallejo – quase igual ao Ballejo do Patón – cacifar a estreia desta quarta. 'A rodar mi vida', já ensinava Fito Páez.)
Bauza defendeu o Central três vezes entre 1977 e 1992. É o segundo maior artilheiro do clube, só atrás de Mario Kempes. Façanha e tanto para um zagueiro.
Corajoso no cabeceio – 1,89 metro – e perfeito para cobrar pênaltis, El Patón, por supuesto, também impunha aos atacantes o rigor de suas chuteiras 46.
A coragem em campo vinha também da adolescência nas arquibancadas. Bauza seguiu de perto a torcida organizada do Central, as barras.
''Frequentei a popular dos 13 aos 15 anos. Nada a ver com hoje. Sem drogas, sem armas, só corria um vinho. Em San Juan, de visitante, saltei o alambrado, entrei em campo para pegar a camisa de um jogador, a polícia me bateu e resolvi parar.”
Já jogador profissional, Patón esteve na popular do Gigante de Arroyito também no Argentina 6×0 Peru da Copa de 1978.
A paixão pelo Central é eterna. Um confronto contra o clube de seus amores nesta Copa seria um épico não desta – mas de todas as Libertadores. Bauza mereceria câmeras 24 horas e um sério estudo sobre suas emoções.
Tudo porque foi com o cachecol do Central que o Patón deu no Maracanã a volta olímpica da Libertadores de 2008 pela LDU. Sua filha, Emiliana (33 anos, instrutora de yoga), já foi publicamente orientada a não namorar ninguém do rival Newell´s.
Volto depois para falar como este blog da Argentina veio parar aqui, na seleção brasileira do jornalismo esportivo. Hasta luego!