Patadas y Gambetas

O dia em que a torcida do Boca queimou a casa do jogador que foi ao River

Tales Torraga

Julio Buffarini fechou com o Boca Juniors, para enorme irritação da torcida do San Lorenzo. Maior ídolo da história do ex-clube, é bem provável que Buffa já esteja pensando nos cuidados que vai precisar adotar para viver em Buenos Aires. Ontem (27), na própria capital portenha, um mural seu amanheceu pichado com insultos.

Ofensa a Buffarini – Reprodução/La Nación

São outros tempos, claro. Esta questão irracional de parte da torcida argentina já foi muito pior, mas não custa nada a Buffarini, por exemplo, prestar atenção ao que aconteceu com o zagueiro Oscar Ruggeri, campeão da Copa do Mundo de 1986.

Ruggeri foi revelado pelo Boca, mas em 1985 assinou com o River Plate. A mudança foi mais que bem-vinda: em 1986, ele conquistou o Argentino, a Libertadores e o Mundial, além da própria Copa do Mundo, mas passou por um momento terrível fora dos campos. Depois de jogar na Bombonera e fazer um gol pelo River contra o Boca, ele voltou para a sua casa e a encontrou incendiada.

''Foram os torcedores do Boca que queimaram a minha casa, com a minha mãe dentro. Ela precisou sair correndo, e aí queimaram também meu carro'', contou o zagueiro, chamado de El Cabezón, neste relato aqui. ''Eu morava em San Justo e tinha 24 anos, e fui até a casa do Abuelo, que era o chefe da barra brava do Boca.''

O Cabezón Ruggeri no River e no Boca – Reprodução/Clarín

''Eu estava como louco, claro, e o Abuelo me disse que não foi ninguém do grupo, e sim uns outros moleques que não tinham nada a ver com eles. Avisei: 'olha, se acontece qualquer coisa de novo, venho e armo uma bagunça aqui na sua casa. Não me importa nada, sua mãe, seu pai, ninguém''', finalizou o ex-jogador.

O vandalismo foi o último sofrido por Ruggeri – mas nos seus tempos de Boca ele viu a torcida, armada, invadir a concentração em 1981 para cobrar empenho de um time que tinha ninguém menos que Diego Armando Maradona, então com 20 anos.