Patadas y Gambetas

Argentinos usam Del Potro para atacar Messi

Tales Torraga

A relação entre a Argentina e Lionel Messi está baqueada como nunca aqui pelos lados portenhos. O 1×1 com a Venezuela escancarou a enorme irritação da torcida, da imprensa e de ídolos do passado com o craque do Barcelona.

A voz geral é uma só. A seleção só vive esta calamidade porque Messi, o craque calado, não faz jus ao seu papel de capitão. Não comanda os seus companheiros em campo e não tira os olhos do chão – como realmente não tirou durante quase todo o segundo tempo do jogo contra a Venezuela no Monumental de Núñez.

É a apatia desta seleção comandada pelo apático Messi que colocou o time neste buraco. E nem o ''timing'' colabora com esta situação.

Justo enquanto a Argentina ainda assimilava o vexame e o empate para a Venezuela em casa, o país parou na frente da TV, do celular e do rádio para vibrar com a incrível vitória de Juan Martín del Potro sobre Roger Federer no US Open.

Festa e depressão – Montagem Olé/Reprodução

As comparações passaram a ser inevitáveis. ''Se dois ou três jogadores da nossa seleção tivessem o coração de Del Potro, não teríamos críticas e nem problemas'', escreveu no Twitter o Matador Mario Kempes, herói do título do Mundial de 1978.

A fase de Messi tampouco inspira o respaldo técnico que ele sempre ofereceu à seleção argentina. O seu 2017 é o ano pior desde que Lio vestiu a azul e branca.

Em quatro jogos, marcou apenas um único e miserável gol. Em 2016, foram oito; em 2015, quatro. Em 2014, outros oito. ''Ele está mudando de posição, está deixando de ser artilheiro para ser quem dá o passe. Algumas atuações suas foram boas. Já outras, bem fracas'', cravou Leopoldo Luque, outro atacante da Argentina de 1978.

Rebeldia, garra, coração, huevos, trabar con la cabeza, ganar como sea, ganar sí o sí. É claro que nem o futebol e nem o tênis se resumem a essas coisas. É claro também que colocar Messi e Del Potro na mesma quadra ou no mesmo campo é um sinal do desespero argentino do momento. Já há bem-humoradas campanhas nas redes sociais por aqui pedindo para Jorge Sampaoli convocar Delpo como centroavante para o jogo contra o Peru e aproveitar o seu 1,98 metro para fazer, de cabeça, o gol que classificaria a Argentina para o Mundial.

A Argentina está toda paralisada e não fala de outra coisa. As outras coisas que surgem – como Juan Martín em Nova York – surgem para traçar paralelos com a seleção. O calendário parece que parou no tempo e que só existe o 5 de outubro, data da partida contra o Peru.

É o maior drama esportivo da Argentina em todos os tempos – os de antes nem se comparam. Há uma novidade, uma ironia, uma polêmica, uma reclamação a cada instante. E isso porque os jogadores nem falam à imprensa (e nem em campo).

Vão – de qualquer jeito – precisar passar a também não ouvir.