Patadas y Gambetas

Argentina flerta com o maior vexame de sua história

Tales Torraga

Estava na cara e falávamos disso desde a última semana no Uruguai: o Argentina x Venezuela desta terça seria complicadíssimo. Que ninguém encare o 1×1 como resultado injusto. Os únicos que podem pensar assim são os venezuelanos.

Un pa-pe-lón.

Mais um desespero argentino – Olé/Reprodução

A Argentina não jogou absolutamente nada em Núñez. Os primeiros 20 minutos até iludiram, mas Di María de novo se lesionou e Dybala e Icardi de novo desapareceram. Messi de novo olhou para os lados e não viu ninguém – e quando viu, no caso de Banega, foi para dar força ao colega depois do erro absurdo que permitiu a abertura de placar da Venezuela.

Esta seleção de Sampaoli é tão fraca no ataque que o gol acabou sendo contra, depois de tentativa de Icardi. Este 1×1 teve o sabor, segundo os velhinhos argentinos, do 2×2 contra o Peru na Bombonera em 1969 – aquele Peru afinal era um bom time, ficou entre os oito no Mundial de 1970.

E esta Venezuela não é nada mais que a lanterninha desta Eliminatória.

Perna pesada. Cabeça explodindo. Torcida com as veias do pescoço saltadas. De nada adiantou Sampaoli mexer e mexer na equipe e se irritar com os jornalistas na véspera. Esta Argentina flerta com o maior vexame de sua história, que seria ficar fora da próxima Copa. Nem se compara aos outros. Vivemos os tempos do futebol-novela 24 horas por dia, e esse fracasso seria um golpe muito mais pesado que o 6×1 para a Checolosváquia em 1958, mais que o 2×2 com o Peru em 1969, mais que o 5×0 da Colômbia em 1993.

Ao contrário das décadas passadas, a Argentina apenas agora é esta pretensa rainha do futebol, mas que cada vez mais procura sua coroa no lixo. A possibilidade de não ir à Rússia é séria. Seríssima.

Não bebam outra história. Nem adianta argumentar que a última rodada dupla é tranquila. A Argentina encara o Peru em casa (precisa ser em outro estádio que não o irritante Monumental desta terça) e o Equador na altitude de Quito.

Esta Argentina não joga bem desde os tempos de Tata Martino, e os inventos de Sampaoli não serviram para nada a não ser irritar a torcida. Conquistou dois pontos dos últimos seis. A cisão é séria. A Argentina tem jogadores e deveria ter tempo para ajustar suas peças e montar uma seleção suficiente boa para superar Peru e Equador.

Mas como achar que o time vai melhorar se ele piora a cada jogo?

Falta futebol e falta tranquilidade. Sobra urgência e sobra desespero. Para piorar, os jogadores que poderiam resolver algo estão realmente traumatizados pelo que vem sendo a Argentina nos últimos anos.

Classifica entre os quatro melhores? Termina em quinto e vai para a Repescagem? Ou fica em sexto ou sétimo e não sai de casa? Hoy por hoy, um terço de chance para cada possibilidade.

Dias amargos e muito longos estão por vir até esta definição. De verdade, Sampaoli. Cuide de sua saúde. Daqui até 5 e 10 de outubro, até os jogos contra Peru e Equador.

Que drama, muchachos.