Patadas y Gambetas

O que o São Paulo deve esperar do ‘brutal’ Chávez e do ‘perfeito’ Buffarini

Tales Torraga

Começamos com Andrés Chávez, El Comandante, que não encontrou espaço no Boca com os dois técnicos que encontrou: Vasco Arruabarrena e Guillermo Barros Schelotto. Deixa o time depois de exatos dois anos sem jamais ser opção frequente no ataque – setor que o clube mais contratou e descartou jogadores recentemente.

Nascido em Salto, na província de Buenos Aires, Chávez tem 25 anos e um físico que seus amigos definem mais como o de lutador que de um jogador de futebol: leva 83 quilos em 1,84 metro. Tão agressivo na infância, vivia brigando e era incentivado pela família a lutar caratê ou boxe. O estilo em campo condiz com a potência.

Despontou no Banfield pelas mãos do técnico Matías Almeyda, o mesmo que lapidou o equatoriano Juan Cazares, hoje no Atlético-MG.

Sempre briga muito com os zagueiros, e seus chutes estouram a rede – só é difícil acertá-la. Sua média na Primeira Divisão é baixa – 0,33 (53 gols, 158 jogos).

No Boca, 8 gols em 37 jogos. A pequena quantidade de gols e de partidas em dois anos completos é o retrato preciso da sua passagem pelo clube.

A modesta produtividade surpreendeu. É fanático pelo Boca, como toda sua família, e chegou a chorar em uma produção de TV que o levou à popular da Bombonera.

Tentou compensar o rendimento com bravatas, o que cai mal na Argentina. A mais surreal delas foi provocar a torcida do River Plate mostrando sentir frio ao ser eliminado (!) da semifinal da Sul-Americana de 2014 no Monumental de Núñez.


Se há desconfiança com Chávez, a sensação com Buffarini é oposta. A síntese argentina é: 'Chávez, uma interrogação. Buffarini, uma exclamação'.

Buffa deixa o San Lorenzo como um dos maiores ídolos da história do clube – mesmo jogando em posição pouco habitual a idolatrias como a lateral-direita.

Tido na Argentina como um dos mais perfeccionistas jogadores da atualidade, está com 27 anos e com a bagagem de um título de Libertadores e um vice do Mundial.

O fôlego para correr o campo todo foi conquistado desde a infância por incentivo dos pais. Começou a fazer exercícios por conta própria aos 11. É extremamente disciplinado com a alimentação e com tudo o que cerca seu rendimento em campo.

Seus apelidos no San Lorenzo eram 'Motoneta', pelos piques, e 'Beckham de Boedo', pela pinta de galã. Foi convocado para a seleção argentina em 2012, por Alejandro Sabella, e no ano passado, por Tata Martino. Casado e pai de uma menina, agradece sempre à família pela humildade que precisa para evoluir.


Polivalente, joga com igual capacidade como lateral ou volante. Repete sempre que ''adora escutar e aprender'', e sua ótima relação com todos no San Lorenzo é prova.

Só deixou o clube nesta janela e não antes porque fez questão de o negócio ser bom para todos – ele, São Paulo e San Lorenzo, o que fala alto sobre sua gratidão.

É dos melhores na posição no futebol sul-americano.

Tem tudo para ser – e rápido – considerado da mesma forma no Brasil.