Patadas y Gambetas

Baixinho, invocado e só 17 anos: Barco, o novo craque do futebol argentino
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Tales Torraga

Ele tem só 17 anos e 1,67 metro. E já carrega o peso de ser o craque do gigante Independiente. Ezequiel Barco dá de ombros. Lidar com a bola e com os rivais é simples. Duro mesmo foi terminar o ensino básico. Bem mais difícil que fazer sábado, no Godoy Cruz, o lindo gol que selou sua chegada à Primeira Divisão.


Meia, destro, Barco completou, em 18 meses, uma trajetória que nas divisões de base costuma ser de vários anos. Foi conferido de perto por Gabriel Milito, atual técnico do Rojo, e deixou o experiente ex-zagueiro impressionado.

Não só ele. Os mais chegados à rotina do clube veem, em Barco, uma versão melhorada de Kün Agüero na mesma idade. Último craque vermelho, Agüero estreou no Independiente aos 15 anos. Aos 18, foi para o Atlético de Madri.

Driblador, Barco é assunto por outra razão: não se encolher com a dureza dos marcadores. Basta ver o ''Olé'' de hoje (13): ''Quanto mais me batem, mais eu jogo''.É o que na Argentina chamam de 'encarador', o 'invocado' no Brasil.

A quarta-feira (14) será ótima para conhecê-lo melhor: o Independiente recebe o Lanús às 19h15 em jogo imperdível. O confronto do Rey de Copas contra o atual campeão argentino no jogo de volta da segunda fase da Copa Sul-Americana.

A ida, em Lanús, terminou 2×0 para o Rojo que contará de novo com estádio lotado. Muito provavelmente para aplaudir sua nova joyita, a pequena jóia do clube de Agüero, Bochini e Burruchaga: Ezequiel Barco, El Turri, o pibe de Santa Fé.


Tevez vira chacota na Argentina
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Tales Torraga

Carlitos Tevez é o grande personagem do futebol neste começo de semana na Argentina. Mas por um motivo que ele certamente gostaria que fosse diferente.

Camisa 10 e capitão do Boca Juniors, marcou o cirúrgico golaço que abriu a vitória por 3×0 sobre o Belgrano na Bombonera lotada na deliciosa noite de domingo.

Dois minutos depois, deu uma patada, tomou um cartão amarelo, e explodiu.

Berrando insultos à irmã do árbitro Germán Delfino, levou o vermelho.

Foi só o quinto vermelho de Tevez em 172 jogos pelo Boca, único clube pelo qual foi expulso. Em 77 encontros pela Seleção, outras duas tarjetas rojas.

Nem bem saiu – é mesmo muito raro um capitão do Boca ser expulso na Bombonera por razão boba como esta, e ainda no primeiro tempo -, Tevez virou chacota.

Vários memes foram criados ironizando sua infantilidade e muitos comentários – principalmente de jornalistas – destacaram que seu destempero foi típico do jogador que, aos 32 anos, está saturado da irracional forma de ser do futebol argentino.

Os zagueiros adversários notam seu desgaste de 14 temporadas para caprichar na deslealdade e encher seus 'seus dias no escritório' de violência física e verbal.

Os surtos do Apache vêm também daí.

Sua aposentadoria já é esperada por parte da imprensa para ocorrer no fim deste ano. A imagem pública de Tevez – de jogador humilde e vencedor – está piorando.


(Montagem feita por um torcedor que está em todos os portais argentinos nesta segunda. Tevez com focinho e orelhas, simbolizando a ingenuidade da expulsão.)

Seu momento 'relato salvaje' pode render de três a cinco rodadas de suspensão. Difícil. Mais coerente esperar dois jogos de punição, se tanto. O xingamento foi relatado ipsis litteris na súmula. O Boca tem três pontos em seis no Argentino.

Técnico xeneize, Guillermo Barros Schelotto foi preciso como sempre na resposta e passou a bola – no pé, redonda – a Carlitos como nos tempos em que era jogador: ''Nem preciso falar sobre isso, ele sabe o que é certo ou errado. Um jovem até precisaria escutar o que tenho a dizer. Mas Tevez sabe bem o caminho a seguir''.


Argentina exige ‘RG’ para entrar no estádio. O plano: dar fim às ‘barras’
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Tales Torraga

Mauricio Macri, atual presidente da Argentina, foi mandatário do Boca Juniors de 1995 a 2007. O futebol, evidente, é perfeito para: 1) melhorar sua já abalada opinião pública e 2) ampliar seu poder atuando em algo especialmente caro aos argentinos.

Uma das suas medidas entrou em vigor na noite desta sexta (9): o 'Tribuna Segura', programa que quer acabar com as 'barras bravas', as violentas torcidas organizadas que enchem os arredores dos estádios de crimes, drogas e mantêm uma intrincada estrutura comercial que estafa os clubes e os 'torcedores comuns' cada vez mais.

O programa a princípio vai ser adotado pelos clubes da cidade de Buenos Aires: Boca Juniors, Huracán, River Plate, San Lorenzo e Vélez Sarsfield.

Uma das medidas é a exigência do documento de identificação – o DNI, na Argentina o equivalente ao RG no Brasil – para todos os torcedores nas canchas.

A medida estreou – sob críticas – ontem com Huracán 1×1 Quilmes no Palácio Ducó, no bairro de Parque Patrícios, zona sul da capital portenha.


Um aplicativo no celular checava se o torcedor tinha antecedentes e se seu ingresso no estádio seria permitido. Tudo filmado por seguranças. Houve demoras (o público foi pequeno, 16 mil pagantes), princípio de confusões e a impaciência típica que caracteriza o futebol na Argentina. Cinco torcedores foram impedidos de entrar.

O grande teste do 'Tribuna Segura' será às 18 horas deste domingo na Bombonera com cerca de 45 mil pessoas para Boca x Belgrano. Às 16 horas, em Vélez x Central, com 20 mil pessoas, haverá outro indício do funcionamento do sistema.

Sem pressa e sem pausa – O Estado será responsável cada vez maior pela segurança nas canchas. A atribuição vinha sendo cumprida pelos clubes. E uma das medidas a ser tomada – talvez ainda neste mês – é a volta do público visitante.


Tal ingresso já é permitido em jogos menores, e com um artifício do regulamento. Há setor – de ingresso mais caro – para os ''neutros''. O espaço é colmado de visitantes que podem ver os jogos sem problemas. Mas sem roupas dos clubes, un papelón…


Guiñazú faz torcida de seu clube chorar em vídeo promocional
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Tales Torraga

Volante de positiva passagem por Internacional e Vasco, El Cholo Guiñazú, de 38 anos, é, para a torcida do Talleres de Córdoba, o que Messi é para o Barcelona.

Sem exagero.


Foi de Guiñazú, há três meses, o golaço histórico aos 49 minutos do segundo tempo que devolveu o Talleres à Primeira Divisão da Argentina depois de 12 anos.

A euforia na província é imensa, especialmente porque neste domingo o clube vai receber o River pela segunda rodada do Campeonato Argentino, às 20 horas.

Para captar sócios, o Talleres gravou este bom vídeo (Guiña surge com 1min20s).

O Talleres tem 45 mil sócios e espera chegar a 50 mil até o fim do ano.

O gol del Cholo, com a eufórica narração da rádio local, foi este aqui.


O drama de Fernando Gago: “Pensei em largar o futebol”
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Tales Torraga

Há dez anos, Fernando Gago surgiu tão bem para o futebol que logo foi comparado a outro Fernando – o Redondo, talvez o mais estiloso volante da década de 90.

Em comum, duas camisas pesadas: a da seleção argentina e a do Real Madrid.

(Gago soma 61 jogos pela Seleção e cinco temporadas – 06 a 11 – pelo Real.)

Hoje com 30 anos, Gago completa na semana que vem uma temporada inteira sem atuar com frequência. Luta para não jogar a toalha e largar o futebol. ''Pensei nisso sim. Não tinha nenhuma vontade de fazer a recuperação'', contou em Buenos Aires.

Cria do Boca, Gago voltou ao clube da Ribera em 2013. Em dois jogos contra o River – no Monumental, em 13 de setembro de 2015; na Bombonera, no último 25 de abril – lesionou o mesmo lugar, o Tendão de Aquiles do pé esquerdo.

Na primeira vez, caiu sozinho aos 13 segundos (!!) de jogo.

Luta agora para voltar em meados de outubro. E conta com um apoio essencial: Patón Bauza já declarou que pretende avaliá-lo o quanto antes.

Gago foi titular da Argentina na Copa de 2014. Foi com sua saída que volantes de técnica inferior – Biglia, Fernandez e Pérez – ganharam o espaço que têm hoje.

Terá 32 anos no Mundial da Rússia. Poderá reafirmar a poderosa dupla com Mascherano. Mas os objetos iniciais são outros. Bem mais próximos e sensíveis.

O futebol argentino não é confortável para recuperados. Precisará de paciência.

Em casa, a encontra na mulher, a ex-tenista Gisela Dulko, com quem tem um filho.

No Boca, tem a inspiração de Palermo, que arrebentou os joelhos e jogou uma Copa aos 35 anos, a de 2010, na África do Sul, quando fez até gol, contra a Grécia.

Dos árbitros e dos rivais? Pouco se espera. Seu apelido (muito maldoso) em Buenos Aires é Lady Gago por levar a pior numa briga com Ponzio, do River.

Até apresentadores da TV reforçam a maldade. Como Fantino no Canal América.

O nome de seu programa? Animales Sueltos.

Ciudad de la furia. Así esBuenos Aires se ve tan susceptible…


Argentina de Bauza joga mal e empata bem
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Tales Torraga

Certo, a líder Argentina empatou com a lanterna Venezuela.

Mas o 2×2 provou que as tabelas de classificação também enganam.

A boa Venezuela de Mérida esteve mais para a seleção que eliminou o Uruguai da Copa América há dois meses (com o mesmo técnico e os mesmos jogadores) do que para a equipe que soma agora dois pontos em possíveis 24 nas Eliminatórias.

Não faz muito, nas Eliminatórias para o Mundial do Brasil, a Argentina de Sabella foi a líder do continente e perdeu só dois jogos. Um, já classificada, foi para o Uruguai.

A outra, para a Venezuela. E com Messi em campo.

O empate desta terça premiou a luta argentina.

Só uma única vez na história das Eliminatórias o seleccionado empatou um 0x2. Contra a Bolívia em 2001. Não é simples. A fraqueza da Venezuela hoje foi falácia.

Especialmente em campo molhado e deixando as travas bem fundas na sua canela.

Não combina com o jeito argentino de ser, mas o resultado merece ótica positiva.

A seleção só fez quatro treinos. Jogou mal, verdade. E nem assim perdeu.

Interessante também a forma de enxergar o trabalho de Patón Bauza até aqui.

Apesar da escalação ofensiva e da forma de jogar sempre arriscada, a torcida em Buenos Aires segue o tratando como um técnico muito defensivo. E no fim quase levou o terceiro gol porque estava buscando a virada. Um técnico mais conservador iria se satisfazer com o 2×2 e se resguardar. Bauza preferiu arriscar e ir pelo terceiro.

Mexeu muy bien no time, especialmente Biglia por Alario e Rojo por Gaitán.

Negativa mesmo foi a atuação do goleiro Romero. Patón deve aos poucos revezá-lo com Caballero (Manchester City) e Rulli (Real Sociedad). Precisa de tempo. Agora sim terá. Antes, o importante era não perder. Somou quatro pontos em seis. Ya está.

Por fim: com Messi em campo, a Argentina ganharia? Provavelmente, embora os números não cravem sua transcendência. O aproveitamento de pontos da Argentina de Martino era melhor sem Lio que com ele em campo. Dos oito jogos dessas Eliminatórias, Messi só esteve em três. Convém seguir nesta proporção.

Ele não precisa ser testado. Os demais sim. Há muitos na fila.

Que tal começar com Ábila e Icardi, Patón?


Ramiro Funes Mori: aos 25 anos, o ‘maior zagueiro da história da Argentina’
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Tales Torraga

O ataque é de fato brilhante. Mas histórica mesmo é a atual defesa da seleção argentina. Exemplo? O desempenho do zagueiro Ramiro Funes Mori, de 25 anos, enorme ídolo do River Plate e há uma temporada jogando no Everton, da Inglaterra.


FM – como é tratado na Argentina, também adepta das siglas como LM10 ou CR7 – completou semana passada contra o Uruguai su partido 13 pelo seleccionado.

Estão sentados? Então respirem.

Nesses 13 jogos foram 10 vitórias, 3 empates, 31 gols a favor e só 4 gols contra (média de 0,3 por partida). Ramiro está quase sempre na companhia do igualmente monstruoso Nicolás Otamendi, 28, ex-Atlético-MG e hoje no Manchester City.

Jamais um zagueiro teve os números de Funes Mori em seu arranque pela Argentina. A euforia do momento e a adoração da torcida do River fazem de Ramiro a 'versão 2016' de ao menos dois referentes do país, Daniel Passarella, El Kaiser dos anos 70 e 80, e o mais contemporâneo Roberto Ayala (1994-2007).

(Ok, exagero, impossível comparar Funes Mori a um capitão campeão mundial como Passarella, mas como ler o jeito argentino de ser sem levar o exagero em conta?)

Além do mais, há sim características de Passarella em Funes Mori.

A principal delas é o jogo duro. Ramiro é o que a Argentina chama de caudillo – jogador que, para ganhar, ou oferece sua cabeça ou arranca a cabeça do rival.

As patadas de Funes Mori tão são comentadas em Buenos Aires que a TV fez até um especial com as 'melhores'. Mostradas sem chocar ou ferir costumes, eh?

Sua ascensão teve um quê de sorte. Funes Mori no River há três anos era o 'Júnior Baiano' da Argentina. Técnico, raçudo, bastante capaz. Mas desastrado ao sair com a bola dominada e sempre propenso a expulsões pelo pavio curto.

Ramiro em Núñez era reserva de uma consolidada dupla formada por Maidana e Balanta. Mas o colombiano Balanta – outro então comparado a Passarella pelos gols de cabeça – despencou. Funes Mori ocupou seu espaço. E decolou en serio.

Como decolou em 2014 para fazer o gol que decretou a primeira vitória do River na Bombonera em dez anos, jogo que entrou imediatamente para história: 'Ramirazo'.


Em sua autobiografia, Marcelo Gallardo, técnico do River, descreveu que o jogador que mais o surpreendeu pela evolução foi Funes Mori. Uniu a impressionante potência física – 1,86 metro e 82 quilos – à confiança e ao temperamento ganhador.

Patón Bauza, emérito ex-zagueiro, pensa o mesmo.

Sua seleção é Funes Mori e mais dez.

Três curiosidades marcantes na carreira de FM: 1) seu começo foi em um reality show de futebol nos Estados Unidos; 2) tem um irmão gêmeo, Rogelio, atacante do Monterrey, ambos jogaram juntos no River; 3) a origem do seu nome.

O Funes é homenagem a Bufalo Funes, autor do gol da primeira Libertadores do River, em 1986. Ramiro fez o gol que selou a terceira, contra o Tigres, ano passado.

Funes Mori é titular confirmadíssimo para a partida das 20h desta terça (6) contra a Venezuela em Mérida. Sua adoração já é tamanha que circulam na Argentina montagens suas com a Copa do Mundo. Mera brincadeira?

Ramiro já levou a sério. Como costuma fazer com tudo. Melhor não duvidar.


Dybala: “Não choro nem em casa”
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Tales Torraga

Messi fez o gol da vitória por 1×0. Ele e Mascherano foram os melhores em campo contra o Uruguai. Mas foi o choro do pibe Paulo Dybala – 22 anos, astro da Juve, jogador de 32 milhões de euros – o momento inusitado do clássico de Mendoza.


Levou o segundo amarelo e saiu de campo no último minuto do primeiro tempo.

O segundo amarelo foi merecido. O primeiro não. ''O juiz foi vaidoso demais'', reclamou Patón Bauza. E Dybala saiu de campo aos prantos. Rompió en llanto.

''Não sou de chorar nem em casa. Nem meus pais me veem chorando. E agora o mundo todo viu'', comentou, rindo, em visita que fez à redação do diário ''Olé''.

''Nunca me expulsaram. Levo só dois amarelos por ano.''

Sem bravatas. O histórico de Dybala comprova seu jogo limpo.

''Fiquei muito mal. Foi um momento feio. Mas o Patón me deu muita força. Me elogiou e me disse que ele havia feito coisas parecidas. Me ajudou demais.''


''Só senti uma angústia assim uma única vez, quando jogava no Instituto [time da B Nacional] em 2012. Desta fez, foi mais forte que eu. Explodiu meu peito.''

''Messi também me consolou. Disse que não foi culpa minha, e sim do árbitro.''

Dybala volta em breve à Juventus. Seu nível já o coloca como integrante fixo do incrível ataque da Argentina. Contra o Uruguai jogaram ele, Messi, Pratto e Di María. Depois entrou Lucas Alario, do River, que ainda atuou (e bem) como volante.

E ainda restam por convocar Icardi, Vietto, Agüero, Pavón, Calleri, Higuaín, Ábila…

Pedazos de delanteros, eh?

Patón deve fazer todos os testes que precisa. O pé de obra lhe sobra.

Analisa de perto 60 jogadores. Não são poucos os argentinos especialmente em Buenos Aires que olham hoje para a sua seleção e veem o melhor time do mundo.

O ranking da Fifa concorda. Só não contem para a Alemanha. Nem para o Chile.


Argentina de Bauza une suor e serenidade
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Tales Torraga

Martino se foi perdendo uma final de Copa América com um jogador a mais.

Patón chegou ganhando um clássico contra o Uruguai com um homem a menos.

Uma curiosidade, mais que qualquer conclusão.

A Argentina de Bauza agradou a exigente opinião pública em Buenos Aires.

1) pela serenidade. 2) por bancar tranquila as muitas patadas do Uruguai.

3) pela raça que deixou até a garra charrúa sem saber bem o que fazer.

O time refletiu a imagem de Patón à beira do gramado. Seriedade e tranquilidade. Sem a gritaria de Martino ou as micagens de Lavezzi. A Argentina controlou o líder Uruguai por todo o jogo. Nem precisou lançar mão de expedientes mais escusos.

No máximo, um freio nos gandulas de Mendoza.

Messi, por lejos, foi o melhor em campo. E sentindo dores da pubalgia. Fez um gol de sorte com o desvio de Giménez no meio de sete uruguaios. Mas teve a tal serenidade de buscar jogo com Dybala e depois controlar a partida como quis no segundo tempo. Deu canetas e penteou a bola – as famosas 'delicias' na Argentina.

Tomou até cabeçada na boca – sem querer – de um torcedor que invadiu o campo.

Outro que saiu em alta, em que pese a injusta expulsão, foi Paulo Dybala.

Atacante mais picante até levar o cartão vermelho no último minuto do primeiro tempo, enfrentou os uruguaios durante todo o tempo com os meiões abaixados – raro sinal de valentia nos tempos atuais. Saiu chorando de frustração pela chance desperdiçada na estreia como titular. Sua expulsão lembrou a rápida cotovelada de Messi contra a Hungria em 2005. Pablito foi muito apoiado por Bauza no vestiário.

Com um homem a menos, brilhou a gota gorda de suor de Javier Mascherano, a 15 jogos de passar outro Javier, o Pupi Zanetti, como recordista de partidas pela Seleção. Masche la dejó chiquitita. Contou com sócios à altura – especialmente Biglia, Funes Mori e Mas – e cercou todos os espaços de um pobre Uruguai.

A missão defensiva que tanto cativa Bauza foi executada com empenho até por um centroavante como Lucas Alario. O destaque do River Plate entrou no lugar de Pratto (de positiva atuação ocupando espaços) e jogou como um volante mais.

Tem só 23 anos, mas já atua como um veterano, el pibe Alario.

As pernas caíram. O placar não mudou. A leitura tática da nova Argentina de Bauza vai ter de aguardar um pouco mais, um jogo com todos em campo, provavelmente terça contra a Venezuela, embora a partida possa ser adiada pelo mau momento social no país. Mas será mais dulce, a espera. Na liderança das Eliminatórias.

Se perdesse para o Uruguai, seria a sétima colocada.

Mas ganhou. E bem. E com um homem a menos por 50 minutos.

¿Qué me vas a decir, hermano?


Patón Bauza enfrenta estreia mais difícil da história da Argentina
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Tales Torraga

A primeira pegada de Patón Bauza na seleção argentina será deixada nesta quinta (1º) em Mendoza às 20h30 (de Brasília) em jogo muy difícil. Como jamais se viu.

Nada de moleza, nada de amistoso: será simplesmente o clássico do Rio da Prata contra o Uruguai por los porotos. Jogo oficial, valendo três pontos, essencial para o desdobramento das Eliminatórias que têm o Uruguai na liderança e a Argentina na terceira colocação, só um ponto à frente da Colômbia, hoje na repescagem.

Desde a entrada de César Luis Menotti, pai do futebol moderno na Argentina, nenhum técnico estreou com tamanho fierro caliente como o agarrado por Bauza.

El Patón foi o escolhido depois de um confuso casting e teve só três treinamentos antes de jogar nesta noite. Estádio repleto de torcedores e partida repleta de patadas. É o que ocorre desde 1901 quando Argentina e Uruguai estão em campo.

Foi assim na decisão da primeira Copa do Mundo, em 1930. É assim no perpassar do tempo e foi assim com Maradona e Francescoli, para ficar só em dois nomes.

Bauza manteve a espinha da espetacular defesa, pouquíssimo vazada com Martino.

Seguirá com Chiquito Romero no gol e com Otamendi e Funes Mori como dupla de zagueiros. Os laterais foram mudados por ocasião. Na direita, sai Mercado, que há pouco trocou o River pelo Sevilla, e entra o experiente Zabaleta.

Na esquerda, Rojo, expulso na final da Copa América contra o Chile, vai dar lugar a Mas, homem de confiança de Bauza desde os tempos de San Lorenzo.

Os volantes – que jogarão praticamente como 'capangas' pela quantidade de atacantes adiante – serão Mascherano e Biglia. Também nada novo. A grande mudança será o ''quadrado mágico'' a seguir: Messi, Dybala, Di María e Lucas Oso Pratto, o 9 de área que Patón tanto queria para seu arranque na Seleção.

Os outros técnicos da era profissional da Argentina tiveram estreias bem mais suaves. Veja como cada um chegou à Seleção:

Tata Martino – 3.set.14 – 4×2 Alemanha (amistoso)
Alejandro Sabella – 2.set.11 – 1×0 Venezuela (Copa Índia)
Checho Batista – 11.ago.10 – 1×0 Irlanda (amistoso)
Diego Maradona – 19.nov.08 – 1×0 Escócia (amistoso)
Coco Basile – 3.set.06 – 0x3 Brasil (amistoso)
José Pekerman – 4.set.04 – 3×1 Peru (Eliminatórias)
Loco Bielsa – 3.fev.99 – 1×0 Venezuela (Eliminatórias)
Daniel Passarella – 16.nov.94 – 3×0 Chile (amistoso)
Coco Basile – 19.fev.91 – 2×0 Hungria (amistoso)
Carlos Bilardo – 12.mai.83 – 2×2 Chile (amistoso)
César Luis Menotti – 12.out.74 – 1×1 Espanha (Copa Hispanidade)