Patadas y Gambetas

Capitães complicam Boca e River na 1ª final

Tales Torraga

Tão valorizados em uma Argentina que ama líderes e caudilhos, os capitães de River Plate e Boca Juniors, quem diria, estão mais para inconvenientes do que para soluções às vésperas da histórica decisão da Libertadores da América. Não custa reforçar: a primeira partida será neste sábado (10), às 18h (de Brasília), em uma Bombonera que deve ter bastante chuva desde a noite de sexta. A finalíssima será no dia 24, também um sábado e também às 18h, no Monumental de Núñez.

Ponzio e Pérez batalham no Monumental – Infobae/Reprodução

Começamos com Leonardo Ponzio, o capitão e volante do River que é, para todos na Argentina, o ''técnico que a equipe tem em campo''. O veterano jogador de 36 anos acabou de completar 300 partidas pelo clube, mas não poderá jogar na Bombonera porque sofreu uma distensão muscular na coxa direita contra o Grêmio, em Porto Alegre. Sua presença, porém, é tida como certa na segunda decisão.

É um consenso entre os argentinos que Ponzio, ao lado do goleiro Armani, é o titular mais difícil de se substituir. Primeiro, pela sua liderança entre os colegas, algo que fará falta especialmente neste sábado no qual o treinador Marcelo Gallardo está impedido de sequer entrar na Bombonera. As análises que se escutam nas rádios e nas TVs coincidem em uma coisa: sua ausência será mais sentida pela valente personalidade que ele exibe em decisões do que pelo seu nível de jogo.

Gallardo ainda não definiu o seu substituto. As opções são Enzo Pérez, de melhor saída de jogo e menor combate, ou Bruno Zuculini, inexperiente para tais decisões. Na ausência de Ponzio, a tarja de capitão será de Jonathan Maidana, outro bastião vermelho e branco. Ironia: Maidana foi jogador do Boca e inclusive ganhou a Libertadores de 2007 com o clube xeneize.

Pelo lado azul y oro, a grande dificuldade de Guillermo Barros Schelotto nesta preparação para a primeira final tem sido o temperamental Pablo Pérez, de ótimo ofício no meio-campo que conta também com o esforço do colombiano Wilmar Barrios e do uruguaio Nahitan Nández. Este tridente Barrios-Nández-Pérez vem sendo o ponto forte do Boca desde a série contra o Cruzeiro, mas Pérez vem treinando separado dos demais por fortes dores no tornozelo esquerdo. Ontem, por exemplo, sua vaga foi ocupada no treinamento pelo reserva Almendra.

A expectativa mais otimista indica que Pérez será titular, mas resta saber em que nível. Não é nada absurdo imaginar que uma das primeiras ações do River na decisão será acertá-lo para tirá-lo de jogo, algo que sempre ocorreu na Argentina. Nem é preciso ir muito ao passado para fazer tal previsão. Basta lembrar da voadora por trás do lateral Vangioni, do River, que arrancou de campo o atacante Burrito Martínez, do Boca, logo no começo da semifinal da Sul-Americana de 2014.

Para complicar a situação do sempre caliente Pablo Pérez, ele, que já declarou que só se tranquiliza e começa a jogar de verdade depois que toma um cartão amarelo, está pendurado e perderia a finalíssima em caso de advertência na Bombonera. Além dele, outros três jogadores xeneizes carregam dois amarelos, casos do lateral-esquerdo Olaza, do volante Nández e do atacante Pavón.

A situação do River é ainda mais difícil, pois mais da metade do time titular está pendurada. Nada menos que seis atletas vão precisar se cuidar em plena decisão da Bombonera. São eles os zagueiros titulares (!) Maidana e Pinola, o volante Enzo Pérez, o meia Pity Martínez e os atacantes Borré e Pratto.