Patadas y Gambetas

Por que a Argentina está com medo do Haiti?

Tales Torraga

* Atualizado: MUY amistoso. Cofres da AFA cheios e nenhum lesionado. O público no segundo tempo ficou mudo em muitos momentos. Retrato preciso do 4 a 0.

O povo argentino está mesmo entre os mais criativos do mundo. A definição para o ''amistoso'' das 20h (de Brasília) desta terça-feira (29) na Bombonera contra o inexpressivo Haiti é das mais certeiras possíveis. No último domingo, a seleção realizou um lindo treino aberto para crianças no Palácio Ducó, no bairro de Parque Patrícios, em Buenos Aires. Pois então o que vai ser o jogo desta terça?

Um ''treino fechado e com cobrança de ingressos''. Muy bien.

Apesar de ser a despedida da seleção argentina de Buenos Aires, a partida não conta com nenhum fervor especial. Até ontem, um quarto das entradas esperava para ser vendidas ao módico preço de 1.360 pesos (R$ 225). A AFA dá de ombros e espera a Bombonera lotada, com 50.000 pessoas. As TVs e rádios de Buenos Aires também estão lotadas – de promoções dando ingressos para a partida.

Hoje é dia de Messi na Bombonera – Olé/Reprodução

Embora seja um figurante, o Haiti põe medo na Argentina por uma situação tão simples quanto complicada: desacostumados a enfrentar adversários deste calibre, os haitianos podem, por absoluta falta de jeito, lesionar os jogadores de uma Argentina que já está com a enfermaria cheia antes mesmo de chegar à Rússia.

São cinco jogadores que de momento estão ''tocados'', como dizem os argentinos a respeito de algum atleta que não esteja com 100% de seu físico. O atacante Agüero fez uma artroscopia no joelho esquerdo há seis semanas e deve atuar pelo menos alguns minutos nesta terça. Ojo: o gramado da Bombonera não está em boas condições. Maio é um mês de chuva e frio em Buenos Aires. Nenhum estádio portenho está com o piso bom.

Depois de fraturar duas vértebras, o volante Lucas Biglia está descartado para o jogo de hoje. Sua volta à seleção será contra Israel, em Jerusalém, no dia 9.

O lateral-direito e zagueiro Gabriel Mercado sim deve somar minutos diante do Haiti. Já demonstra estar melhor das costas. O zagueiro Nicolás Otamendi, com dores na virilha, também se recuperou e deve atuar como titular. Outro lateral, Marcos Acuña, que também joga como volante, está recuperando o joelho direito depois de sentir uma forte dor ao chutar uma bola no gramado do Ducó no último domingo. É mais provável que seja poupado.

Sampaoli sinalizou que o seu time titular deve ter os seguintes nomes diante do Haiti: no gol, Willy Caballero, em vez de testar Franco Armani, do River. A defesa terá uma linha de quatro com Cristian Ansaldi, Nicolás Otamendi, Federico Fazio e Nicolás Tagliafico. Os volantes serão Javier Mascherano e Giovanni Lo Celso. A criação e a chuva de gols no fraco Haiti serão de responsabilidade de Manuel Lanzini, Lionel Messi, Ángel Di María e Gonzalo Higuaín.

O resultado será o de menos. Preservar os seus jogadores será muito mais importante. Mero 108º no ranking da Fifa, o Haiti se preparou para este amistoso enfrentando o time reserva do Atlanta, das divisões menores da Argentina. ''Os jogadores do Haiti são duros e batem. Já pedi a eles para não lesionar nenhum dos nossos'', disse Juan Manuel Piedra, zagueiro do Atlanta, ao ''Olé'' de hoje.

A estreia argentina na Copa do Mundo também vai ser contra um adversário de estilo físico e rústico: a Islândia, no dia 16, um sábado, às 10h (de Brasília).

''A Islândia é um time de pedra. Tem uma grande competitividade e vai se defender como uma besta'', já analisou El Filósofo Jorge Valdano.