Patadas y Gambetas

Argentina convoca ídolo de Messi para apagar incêndio

Tales Torraga

As sequelas do 6 a 1 da Espanha sobre a Argentina passaram a envolver até quem não entrou em campo em Madri. Na esteira do que o blog publicou na quarta, falando do racha entre Jorge Sampaoli e os jogadores, houve uma discreta manobra para melhorar a relação entre o corpo técnico e os atletas – e este movimento tem tudo para agradar Lionel Messi.

A partir de agora, Sampaoli e os jogadores terão um novo ''elo'' na excruciante tarefa de manter uma relação produtiva de trabalho daqui até a Copa do Mundo.

A estreia da Argentina será em 16 de junho, contra a Islândia. Arredondando, estamos a dois meses e meio dela.

E será Pablo Aimar, hoje técnico da Argentina Sub-17, o responsável pela função.

Craque do River Plate no fim dos anos 90, quando brilhou como meia-atacante, Aimar era tão bom que conquistou a admiração de uma criança que seria o seu fã mais famoso. Mesmo nascendo em Rosário e defendendo a base do Newell's, Messi passou a torcer para o River, tentando imitar os rápidos e habilidosos movimentos do El Payasito (''O Palhacinho'', como Aimar era chamado pelo riso que seu futebol oferecia à sempre exigente torcida do gigante de Núñez).

A chegada de Aimar à seleção era uma bola cantada – o blog antecipou as negociações ainda em maio do ano passado, dizendo que a sua presença seria uma maneira óbvia de bajular Messi em sua última Copa do Mundo.

A novidade na questão é que Aimar entra no corpo técnico de Sampaoli não pelo que fez passado – e sim pelo que faz no presente.

De intelecto bien acima da média, Aimar, hoje com 38 anos, é respeitadíssimo pelos jogadores – e na esteira do cansaço com Sampaoli já há também um incômodo dos atletas com as manias de seu braço-direito, o cabeludo Sebastián Becaccece. Segundo os jogadores, o auxiliar gesticula demais nos jogos e nos treinos, o que acaba atrapalhando o que deveria ser um momento de concentração exclusiva.

Já Aimar não é nada expansivo. Pelo contrário.

Gosta de ficar quieto, preza por opiniões respeitadoras, sabe a hora de falar – e o que falar – e entende bem as necessidades e caprichos dos craques – como ele foi no River, no Valencia, no Benfica e na Argentina das Copas de 2002 e 2006.

É, portanto, uma possibilidade sua de obter uma revanche pessoal com este tormento que virou a Copa do Mundo para os argentinos nas últimas décadas.

Aimar integrou a seleção de forma discreta – quase imperceptível – e descompromissada nos amistosos contra Itália e Espanha. Percebendo o seu bom trânsito com os atletas, Sampaoli propôs para ele seguir. E Pablo já topou.

Sua chegada à seleção significa a ''escalação'' de uma bela cabeça pensante. De ricas conversas, bons livros, escreveu até um de contos, La pelota de papel, muito bom, e também boas músicas – estrelou um clipe, Hacer un puente, do La Franela.

A incorporação de Aimar põe ainda mais tempero naquela que surge desde já como a grande história humana do Mundial da Rússia.

Messi vai tirar a Argentina da fila e se despedir da Copa dando a volta olímpica ao lado do seu ídolo de infância?

(Arrepia só de pensar.)