Patadas y Gambetas

Campeão paulista em 1977, Oswaldo Brandão é ídolo na Argentina até hoje

Tales Torraga

Neste fim de semana em que Corinthians e Ponte Preta decidem o Paulista 40 anos depois da célebre final de 1977, o nome do ex-técnico corintiano Oswaldo Brandão vai ser, de novo, muito lembrado.

Mas em Buenos Aires, onde ele também é eterno.

Poucos no Brasil sabem. Mas os portenhos na casa dos 60 anos conhecem em detalhes (e falam sem parar…). Brandão foi campeão argentino pelo Independiente em 1967, há exatas cinco décadas. O Rojo atropelou e fechou a campanha com 87% de aproveitamento – ainda hoje um dos melhores índices da história no país.

Mesmo 28 anos depois de sua morte, Brandão segue, na capital argentina, o indiscutível El Maestro – ''O Mestre'', uma referência de conhecimento e bom futebol. Basta ver o sucesso de hoje e sempre dos treinadores argentinos para ter a perfeita noção do território que Brandão veio, viu e conquistou como ninguém.

Brandão carregado na volta olímpica de 1967 – Arquivo/Independiente

''Oswaldo é um dos grandes ídolos da nossa história e um dos melhores técnicos que passaram por Avellaneda, seguro'', afirma Antonio Lasarte, historiador que cuida do memorial do Independiente. ''É claro que a equipe ganhou Libertadores, Intercontinentais, Mundial, tudo. O Independiente é o Rei de Copas, mas este título do Brandão em 1967 foi muy especial. Todos na Argentina sabem muito bem.''

Contamos: o desfecho foi ainda mais espetacular que a própria campanha. O Independiente ganhou o campeonato com um 4×0 (!) sobre o rival Racing (!!), que acabara de conquistar Libertadores e Mundial (!!!) – daí a adoração por Brandão.

''Era uma pessoa muito especial, de um trato muito fino, vivia elogiando os argentinos. Falava muito bem do time, dos adversários. Brandão foi um cavalheiro [tinha 51 anos à epoca]. É claro que nossas Libertadores tiveram sim a participação dele como alguém que projetou aquilo. Se seguisse aqui, seria ele, Oswaldo, o condutor de tantas Copas que erguemos naqueles tempos'', conclui o historiador.

Um jogador argentino comandado por Brandão é mais sucinto: ''Foi o melhor treinador que tive'', crava o goleador do Independiente em 1967, Luis Artime – um enorme craque que ainda faria história pelo Palmeiras logo a seguir.

A passagem de Brandão pela Argentina é resgatada em detalhes pelo site ''Futebol Portenho'' aqui e aqui.  E o vídeo daquele equipazo do Rojo está aqui.

O histórico treinador teve muitas ofertas para seguir na Argentina. O Independiente, claro, fez de tudo para ele ficar. Outra proposta veio do Boca, mas Brandão começou 1968 como supervisor da seleção brasileira. Depois, treinou o Corinthians.

El Maestro Oswaldo deixou a Argentina, mas indicou o sucessor a um time que o procurou. E deu muito certo. Em 1968, Tim comandou o San Lorenzo ao título argentino invicto. Brandão e Tim são, ainda hoje, os únicos técnicos brasileiros a ganhar o complicadíssimo, enlouquecido mesmo, Campeonato Argentino.