Patadas y Gambetas

Por que desconfiar do “apoio” da AFA a Bauza

Tales Torraga

Que ninguém leve muito a sério o discurso de Chiqui Tapia, presidente da AFA, sobre o futuro de Edgardo Bauza à frente da Argentina. Se prefere garantir o treinador para a opinião pública, nos bastidores a conversa com Patón tem outros tons – o de negociar/forçar a sua saída sem pagar os US$ 900.000 de rescisão.

É este o selo da nova AFA: contrariar, diante dos microfones, o que os próprios dirigentes falam quando os mesmos estão desligados.

Seria esta a versão portenha do ''pós-verdade''?


As opiniões dos dirigentes sobre o trabalho de Bauza nos oito jogos até aqui são negativas, e há o que muitos em Buenos Aires chamam de ''operação desgaste'' para forçar seu pedido de demissão e se livrar da multa por dispensá-lo. A estratégia é assegurá-lo em frente às câmeras e detoná-lo nos bastidores para que ele sinta a pressão da imprensa e da torcida e pegue seu boné mediante a explosão da opinião pública ser muito contrária à sua permanência, como reforçado agora.

Seu valor de rescisão é um dinheiro que a AFA gostaria de economizar, até por ter recebido anteontem uma ação judicial dos ajudantes de campo de Tata Martino pedindo US$ 3 milhões em pagamentos que não foram feitos.

O jornal ''Olé'' publicou nesta quinta (6) que a tática da nova AFA também é economizar ao máximo na contratação do novo treinador – e que os próximos compromissos, apenas em junho, ajudam a Associação neste objetivo.  Embora Sampaoli seja o nome preferido tanto da AFA quanto de Messi e Mascherano, não está descartada a possibilidade de alguma opção diferente – e mais barata – ser colocada em prática. A saída de Pelado Sampa do Sevilla custaria cerca de 1,5 milhão de euros, outra quantia que vai custar para sair dos cofres da Associação.

Nos últimos dias, um nome que ganhou muita força no noticiário foi o de Marcelo Gallardo, do River Plate, que vem declarando que não pensa em sair do clube.

O ''La Nación'' tampouco acredita na continuidade de Bauza. Diz que o espaço até a próxima reunião, na semana que vem, sem data definida, é propício para aumentar a agonia do treinador e desidratar suas forças para seguir no cargo.

Patón não está disposto a ceder. A AFA não está disposta a seguir com ele. Enquanto isso, o tempo passa. Com Messi suspenso e o treinador sob suspense. A Argentina flerta com o improviso – e logo com o desastre. E tudo isso pode sair mais caro que os processos e as rescisões: ver a Copa do Mundo da Rússia pela TV.

* Atualizado às 20h30: Há instantes, Bauza convocou uma entrevista coletiva para a segunda-feira. Será para anunciar os motivos da sua saída? Não há outra razão que justifique um convite formal à imprensa. Vem aí um novo (e longo) fim de semana de suspense e rumores, muchachos.