Caniggia faz 50 anos – tomando cuidado para não apanhar pelo gol no Brasil
Tales Torraga
O pássaro mais querido da Argentina segue voando. El Pájaro Claudio Paul Caniggia, o filho do vento, autor do gol que mandou o Brasil de Lazaroni para casa na Copa de 1990, completou 50 anos de vida louca nesta segunda-feira (9).
As segundas são pouco afeitas a festas na Argentina, então percebe-se tal cual que a Buenos Aires futbolera vai comemorar esta data por toda a semana.
O gol de Cani no Brasil em 1990 é um dos mais gritados da história da Argentina – nas Copas, em clubes, picados, lo que sea, che. É um gol que está, seguro, a par com os de Maradona contra os ingleses em 1986.
Depois da inesquecível jogada de Diego, que mesmo todo quebrado gambeteou e humilhou os brasileiros que los cagaran a patadas naquele dia, veio a perfeita finalização de Cani, que colocou Taffarel no chão e a Argentina no céu.
O que pouquíssimos no Brasil sabem é a inacreditável dor de cabeça que este gol gera a Caniggia em pleno 2017.
Tudo porque ele comemorou o maior momento da sua carreira de forma tímida, quase pedindo perdão. Perdão por que, se estamos matando nossos rivais na Copa, algo que Pelé, por exemplo, jamais fez?
Os argentinos até hoje têm bronca com Caniggia por esta comemoração. Seja em encontros com ex-jogadores – Cani sempre participa de jogos de showbol ou futevôlei – ou simplesmente caminhando pelas ruas de Buenos Aires, é comum que ele precise, quase 27 anos depois, que parar e dar satisfações.
Os mais loucos, e eles brotam a cada esquina nesta cidade, ameaçam bater nele – sim, a Argentina ama e ameaça bater em quem ama, e acha tudo normal.
''Não quis fazer papel de tonto gritando com tudo e depois vendo o Brasil empatar ou virar'', declarou Cani aqui, relatando esta disparidade entre a enlouquecida comoção argentina e a alegria comedida que expressou naquele instante.
Nada, porém, que estresse sua cabeça naturalmente relaxada. E cabeluda. A imagem abaixo é de agorinha – de uma revista de fofocas que circula nas bancas de Buenos Aires neste começo de ano. Que pinta a los cincuenta, Claudio, eh?!
El Diego los gambeteó…
El Cani los vacunó…
Estás llorando desde Italia hasta hoy…
Gracias totales y eternas, Pájaro!