Patadas y Gambetas

Opinião: Argentina chora filme repetido na Davis

Tales Torraga

Em sua quinta final na Davis, a Argentina pela quinta vez vê o desesperador cenário de precisar ganhar os dois jogos de simples do domingo para finalmente – finalmente! – ganhar a Copa que tanto se recusa a tomar vinhos e comer carnes.

(Por isso é a 'Saladeira', se fosse 'Churrasqueira' a Argentina já teria conquistado.)


Desde que este troféu começou a ser disputado em 1900, nenhum país perdeu tantas finais sem ganhar nenhuma, e os portenhos estão loucos com isso.

O desalento nublou o lindo sábado de sol e 21 graus em Buenos Aires pela arriscadíssima aposta que será depender da vitória de Juan Martín del Porto sí o sí  contra Marin Cilic no primeiro jogo do domingo.

Delpo ficou dois anos sem competir normalmente, e muitos, quase todos na capital portenha, temem pela sua saúde depois de jogar sete sets em dois dias – e em altíssima tensão – como ocorreu nesta sexta e sábado em Zagreb.

Para piorar, o desgaste que Cilic poderia sofrer neste sábado, depois de atuar por cinco sets e 3h30min na sexta-feira, não ocorreu.

A vitória croata por 3×0 nas duplas foi incontestável – quase um trâmite, e nem dá para justificar os dois tie-breaks nos dois primeiros sets como sinal de paridade porque foi exatamente nesta altura do confronto que ficou clara a diferença de nível de Ivan Dodig para Leonardo Mayer. Una paliza. Uma surra.

Assim vai. Como em 1981, 2006, 2008 e 2011.

Ou ainda pior, dependendo de um físico frágil como o de Del Potro, que esteve meio pinchado – meio manco – nas duplas, bem menos desgastantes que as simples.

Ganhando Delpo, a Argentina ainda precisaria de um novo milagre pelas raquetes de Federico Delbonis (?) ou do próprio Mayer (??) no confronto decisivo muito provavelmente contra Ivo Karlovic, cujos 37 anos e 2,11 metros são mais adaptados ao ar rarefeito desta instância da competição.

A Argentina de novo contou com cerca de 4.000 torcedores na Zagreb Arena, que mais parecia o Parque Roca ou Tecnópolis. Em vão. Nem um set vencido.

Diego Maradona esteve mais comedido neste sábado – obviamente pela morte de Fidel Castro, que o ajudou nas noites mais escuras em 2000 e 2001, quando El Diez esteve internado em Cuba para largar a cocaína.

Final perdida contra o Chile no futebol, uma nova final perdida no tênis para a Croácia. O orgulho argentino está más bajo que el peso, que lástima, che.

A rezar, eh? A rezarla, Argentina.