Patadas y Gambetas

Análise: Argentina vai de ‘Neymal’ a pior

Tales Torraga

Que noite triste, che.

A Argentina não era tão, mas tão, mas tão humilhada desde o 0x4 da seleção de Maradona contra a Alemanha na Copa do Mundo de 2010.

Se a equipe de Bauza jogava pela ''saúde mental'' contra o Brasil, como todos falavam na Argentina, o que vai restar deste cruel baile dançado no Mineirão?

Capa do jornal ''Olé'' do dia seguinte ao 4×1 na Copa das Confederações de 2005 – é o caso de repeti-la amanhã

''Precisamos virar a página, precisamos virar a página…'', repetiram os jogadores.

Deste jeito, o livro vai acabar.

A goleada – sim, alguns 3×0 são goleadas e este foi um – ensina duas coisas.

A primeira é o fiel espelho do futebol argentino.

É evidente, óbvio, claro, transparente até para uma criança: como a Seleção poderia fugir deste cenário tétrico se está tudo um caos e com uma cara ainda pior?

A segunda constatação tem um quê de gratidão. Gracias, hermanos.

A Argentina temeu por longos instantes levar sete e tomar a vingança do 7×1.

Não é a maldição, boludo, é o futebol, este jogo que retrata tão bem a bipolaridade, a depressão e a loucura argentina deste momento: líder do ranking da Fifa e, por instantes nesta noite, só a sétima colocada na classificação das Eliminatórias.

Não há razões matemáticas para desespero. A Argentina segue em sexto e só a um ponto da vaga direita e de ultrapassar Equador e Chile, quarto e quinto colocados.

Desesperador é ir à lona com Messi.

Não seria ele o salvador da Seleção, o que levou a Argentina a vencer os três jogos que disputou com ele nessas Eliminatórias, o melhor que Maradona, o 100%?

Não deveria ser surpresa para quem perdeu por 3×0 até final de Copa América.

Ninguém foi expulso, mesmo com Higuaín e Funes Mori pedindo para ser.

Melhor notícia da noite: nenhum dos cinco pendurados levou cartão amarelo e não há desfalques humanos, apenas anímicos, para enfrentar a Colômbia nesta terça em San Juan naquele que será o jogo mais tenso desta geração esfafada e deprimida.

O Brasil conta com o melhor técnico que tinha à disposição, Tite. A Argentina se vira com o que tem – Bauza – depois dos 'nãos' de Simeone, Bielsa e Sampaoli.

Muy mal. De 'Neymal' a pior (gracias, ''Olé'').

Roleta russa é isso, muchachos.

Se a África do Sul é logo ali, a Rússia está cada vez mais longe.