Patadas y Gambetas

Argentina de Bauza une suor e serenidade

Tales Torraga

Martino se foi perdendo uma final de Copa América com um jogador a mais.

Patón chegou ganhando um clássico contra o Uruguai com um homem a menos.

Uma curiosidade, mais que qualquer conclusão.

A Argentina de Bauza agradou a exigente opinião pública em Buenos Aires.

1) pela serenidade. 2) por bancar tranquila as muitas patadas do Uruguai.

3) pela raça que deixou até a garra charrúa sem saber bem o que fazer.

O time refletiu a imagem de Patón à beira do gramado. Seriedade e tranquilidade. Sem a gritaria de Martino ou as micagens de Lavezzi. A Argentina controlou o líder Uruguai por todo o jogo. Nem precisou lançar mão de expedientes mais escusos.

No máximo, um freio nos gandulas de Mendoza.

Messi, por lejos, foi o melhor em campo. E sentindo dores da pubalgia. Fez um gol de sorte com o desvio de Giménez no meio de sete uruguaios. Mas teve a tal serenidade de buscar jogo com Dybala e depois controlar a partida como quis no segundo tempo. Deu canetas e penteou a bola – as famosas 'delicias' na Argentina.

Tomou até cabeçada na boca – sem querer – de um torcedor que invadiu o campo.

Outro que saiu em alta, em que pese a injusta expulsão, foi Paulo Dybala.

Atacante mais picante até levar o cartão vermelho no último minuto do primeiro tempo, enfrentou os uruguaios durante todo o tempo com os meiões abaixados – raro sinal de valentia nos tempos atuais. Saiu chorando de frustração pela chance desperdiçada na estreia como titular. Sua expulsão lembrou a rápida cotovelada de Messi contra a Hungria em 2005. Pablito foi muito apoiado por Bauza no vestiário.

Com um homem a menos, brilhou a gota gorda de suor de Javier Mascherano, a 15 jogos de passar outro Javier, o Pupi Zanetti, como recordista de partidas pela Seleção. Masche la dejó chiquitita. Contou com sócios à altura – especialmente Biglia, Funes Mori e Mas – e cercou todos os espaços de um pobre Uruguai.

A missão defensiva que tanto cativa Bauza foi executada com empenho até por um centroavante como Lucas Alario. O destaque do River Plate entrou no lugar de Pratto (de positiva atuação ocupando espaços) e jogou como um volante mais.

Tem só 23 anos, mas já atua como um veterano, el pibe Alario.

As pernas caíram. O placar não mudou. A leitura tática da nova Argentina de Bauza vai ter de aguardar um pouco mais, um jogo com todos em campo, provavelmente terça contra a Venezuela, embora a partida possa ser adiada pelo mau momento social no país. Mas será mais dulce, a espera. Na liderança das Eliminatórias.

Se perdesse para o Uruguai, seria a sétima colocada.

Mas ganhou. E bem. E com um homem a menos por 50 minutos.

¿Qué me vas a decir, hermano?