Patadas y Gambetas

Nem louco: o cortante ‘não’ de Bielsa à Seleção

Tales Torraga

Marcelo Bielsa está em Rosário, onde há dez dias posou com as pessoas que renovaram sua carteira de motorista – carnet de conducir, na Argentina.


Nesta terça-feira (26), ele recebeu o telefonema de Armando Pérez, dirigente da AFA que está encarregado de determinar o novo treinador da Seleção.

Apuramos que a conversa ocorreu à tarde e durou 15 minutos.

Pérez descreveu a atual situação da Associação e falou da impossibilidade de viajar a Rosário. Sugeriu a ida de Marcelo a Buenos Aires, fez enfim o que se espera de um dirigente nesta situação. Assim que terminou o papo, Pérez falou a uma agência de notícias (a Telam) que Bielsa havia topado a reunião presencial e que iria encontrá-lo para El Loco poder sentir o compromisso dos novos dirigentes.

Uma hora depois, Bielsa ligou a Pérez.

Encerrou o papo extremamente sucinto com um ''Agradeço o chamado, mas não me considero o mais capacitado para tomar as rédeas neste momento. Siga buscando''.

Na particular forma bielsista de ver a vida, jamais um acordo de trabalho a ser levado a sério seria oferecido ou sequer iniciado por telefone, e não cara a cara.

E nem com um dirigente que revelasse à imprensa o teor da conversa logo a seguir.

Bielsa segue sua vida simples entre o convívio com a família em Rosário e seus afazeres campestres em Máximo Paz, na própria província de Santa Fé.

Capa do ''Olé'' desta quarta (27)

Por parte de Pérez, e esta versão tem se confirmado cada vez mais, todas as tratativas seguintes às conversas presenciais com Patón Bauza e Miguel Ángel Russo foram quase encenações para a opinião pública, algo na linha:

''Vejam, buscamos Simeone, Bielsa, Sampaoli e Pocchetino, mas os que seguem no barco e amam a Seleção são Patón e Russo''.

O cargo de técnico continua um mano a mano entre Bauza e Russo. A leitura inserida dos fatos não indica nenhuma novidade nisto desde a semana passada.

A única chance de agregar candidatos é a AFA abrir conversas com Marcelo Gallardo (River), Chacho Coudet (Central) ou Matías Almeyda (Chivas).

Com os dois dos times argentinos, complicado.

Pela relação muito estremecida com os clubes, irritados com a postura de Pérez (julgam-na personalista demais), e pela eterna guerra com a AFA por dinheiro e poder. Gallardo e Coudet são muito ligados a River e Central – ponderariam a importância de seguir nos postos com boa sintonia e bons salários.

A aposta em Almeyda seria extremamente incerta. É um técnico competente, porém inexperiente e recém-saído de um pesadíssimo drama pessoal (falaremos dele em outro post. Envolve depressão, bebida e suicídio, tudo narrado por Matías).

A mais esquizofrênica escolha seria, como dizem os portenhos, pelo 'palhaço midiático' da hora: Caruso Lombardi, que se auto postula ao cargo a cada microfone.

Lombardi, 54, é especialista em salvar times pequenos do rebaixamento. Fanfarrão e verborrágico, é impossível vencê-lo com palavras. Repertório amplo e agressivo.

Mas suas atitudes são bastante questionáveis. Saiu na mão com torcedores em um posto de gasolina e também trocou socos com um auxiliar-técnico desafeto na rua, na saída de um programa de televisão, para ficar só em dois episódios.

É muito mais louco que Bielsa, pero loco mal, eh.