Patadas y Gambetas

Treinador olímpico da Argentina não tem carro e só usa metrô: ‘Sou simples’

Tales Torraga

Nomeado técnico da seleção olímpica de futebol há duas semanas, Julio Olarticoechea começou bem sua relação com o instável torcedor argentino. Uma das razões: a simplicidade extrema que o faz ser visto andando diariamente no metrô de Buenos Aires com a inseparável boina e a mala de trabalho cheia de livros.


''As pessoas me veem e perguntam se não tenho carro, e respondo que não. Sou um cara simples, o metrô me atende bem, é claro que poderiam me levar para todos os lados com um carro, mas não é necessário e não quero, logo vamos viajar'', brincou o técnico ontem (18) no programa Puro Concepto, da DirecTV.

A Argentina chegou nesta madrugada aos Estados Unidos para amistosos com Colômbia, Haiti e México. No Rio, integra o grupo D: Portugal, Honduras e Argélia.

Ex-volante de Boca, River, Racing e seleção argentina de 1986, Olarticoechea está com 57 anos. Era treinador da seleção feminina. Nos treinos, dá exemplo de conduta nos mínimos detalhes. Carrega suas bolsas e seus materiais e é o mais frontal e respeitoso possível. ''Não preciso dizer nada para mostrar que não sou exibido e nem tonto'', costuma falar, sempre com sensibilidade e ótimo humor.

Em outro gesto que chamou a atenção, reuniu todos os ajudantes, incluindo a equipe de limpeza, segurança e cozinha, para uma entrevista coletiva na semana passada em Ezeiza (Buenos Aires), onde a seleção treina. ''Todos participam deste sonho e todos devem participar deste momento'', declarou ao escolher o zagueiro Cuesta (Independiente) como capitão e o goleiro Rulli (Real Sociedad) como sub.

Outra característica acolhedora foi convidar os colegas de seleção de 1986 para colaborar no que quiserem – Maradona, um dos críticos à sua nomeação, também recebeu um chamado pessoal.

Olarticoechea, claro, recusou qualquer luxo no Rio: ''Vamos ficar na Vila Olímpica para ver de perto cada alegria e cada frustração''.

Invicto – O atual técnico olímpico é o argentino que mais jogou Copas sem perder, 12 partidas, 1986 e 1990 – na Itália, não esteve contra Camarões e Alemanha.


Ficou mais lembrado no Brasil seu azar ao quebrar a perna do goleiro Pumpido no segundo jogo daquele Mundial, contra a União Soviética. A partir daí entrou Goycochea, fundamental nas decisões por pênaltis contra Iugoslávia e Itália.