Bombonerazo. Tevez some e sofre maior tristeza no ‘mi Boca Juniors querido’
Tales Torraga
Acabou a ilusão do Boca Juniors. Poucos minutos, os primeiros, deram a impressão de avançar à final. Sua desordem e o bom Independiente del Valle machucaram como o frio e a chuva da noite portenha: 3×2 para os equatorianos, 5×3 no geral.
Com toda justiça. Só por 22 minutos dos 90 o Boca esteve classificado.
Já é dos maiores 'Bombonerazos' da história. Lamentaram, em casa, uma eliminação em semifinal para um clube do Equador. Jamais um equatoriano havia vencido na Bombonera. E 20 dias depois de perder uma Copa América para o Chile.
Está cada vez mais para trás o tempo em que Argentina, Brasil e Uruguai eram o trio do ferro do continente. Só precisam avisar os portenhos que esse momento acabou.
Além da bagunça que foi o Boca, chamou a atenção a apatia de Carlos Tevez.
Sua condição de rockstar europeu que vinha da melhor temporada da sua vida na Juventus não se confirmou em momento algum da Libertadores. Fez cinco gols nesta campanha – muito longe do artilheiro Calleri, nove.
Carlitos nem se candidatou a cobrar o pênalti desperdiçado bisonhamente por Lodeiro no meio do segundo tempo no arco em que fica a La Doce. Na primeira metade, já perdera gol cara a cara com o de novo heroico arqueiro Azcona.
Já era esperado que Tevez sofresse bajón parecido ao de Messi na Copa América. Uniu os dois o protagonismo exagerado para um único jogador que precisaria bancar toda a mortífera pressão cultural argentina do hay que ganar sí o sí.
Tevez, até então com muitas alegrias e poucas tristezas pelo Boca, saiu da Ribera hoje amargando sua maior decepção vestindo azul e ouro. E justamente quando completava um ano exato do retorno ao time.
Outro mito que desmorona é o que punha a Bombonera como estádio especial que jogava por si só. No ano passado, sofreu seu maior escândalo de violência, a torcida queimar a cara dos jogadores do River Plate com gás pimenta.
Agora, a decepção ficou só em campo, sem nenhuma apelação dos selvagens. Diante do triste histórico, o jogo chegar ao fim surpreendeu mais até que o placar.
Maradona esteve no seu palco como prometera. Riquelme, sempre mais ácido com o desempenho desta equipe e desses dirigentes, não.
Nem os medalhões, nem a Bombonera, nem a tradicional predisposição dos árbitros em ajudar, nem o fato de ter o ex-mandatário Mauricio Macri como presidente da Argentina e a peça mais influente possível em qualquer bastidor no mundo todo.
A eliminação oferece munição de sobra aos contrários que vão passar o fim de semana em Buenos Aires repetindo o que se escuta há dez anos na capital:
''A história do Boca é Carlos Bianchi e pouco mais''.